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Diplomacia econômica de Hollande ignora lacunas da abertura em Cuba

A visita histórica do presidente François Hollande a Cuba, nesta segunda-feira (11), é uma das principais manchetes da imprensa francesa. O Libération, que costuma fazer capas memoráveis, acertou mais uma, colocando uma montagem do rosto de Hollande na célébre imagem de Che Guevara imortalizada pelo fotógrafo Alberto Korda. A imagem é hilária.

Capa do jornal francês Libération desta segunda-feira, 11 de maio de 2015.
Capa do jornal francês Libération desta segunda-feira, 11 de maio de 2015.
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Em sua chamada de capa, o Libération lembra que, durante muito tempo, uma parte da esquerda francesa acreditou na ditadura dos irmãos Castro. Porém, com as dificuldades geradas pelo embargo americano e o isolamento da ilha, o modelo cubano foi superado e mesmo a França socialista se rendeu aos imperativos da economia de mercado.

Hollande espera encontrar em Cuba boas oportunidades de negócios, no momento em que Havana aspira a uma abertura ao capital estrangeiro. Em cinco páginas de reportagens, Libération ressalta que, ao mesmo tempo em que Hollande representa uma alternativa de desenvolvimento diferente do modelo americano, ele vai tentar vender o máximo que puder aos cubanos.

Política externa constante

A França foi um dos poucos países europeus que continuou ajudando Cuba durante os 53 anos do embargo. O Libération lembra que depois da queda da União Soviética, em 1989, Cuba perdeu uma importante fonte de renda e, "se não fosse a ajuda sem fanfarra ideológica de países europeus como Espanha e França, os cubanos teriam afundado". Por essa razão, o jornal de esquerda acredita que a França está bem posicionada na corrida pela abertura do mercado cubano ao exterior.

Um diplomata da delegação de Hollande disse ao Libération que Cuba precisa se desenvolver "sem se tornar o fundo de quintal dos americanos".

"Rei da diplomacia econômica"

Le Monde é explícito sobre os interesses comerciais da França nessa viagem. Segundo o site do Monde, a visita de Hollande a Cuba mostra que o presidente francês se tornou o "rei da diplomacia econômica". Nas conversas com as autoridades cubanas, o socialista vai falar muito mais da construção de obras de infraestrutura, de telecomunicações e de biotecnologia do que em direitos humanos, liberdade e democracia.

Le Figaro também destaca a visita inédita de Hollande, a primeira de um presidente francês desde a independência cubana, em 1898. O jornal conservador afirma que a presença de Hollande em Havana visa marcar definitivamente a participação da França no processo de modernização de Cuba. Le Figaro lembra que três ministros do governo Hollande estiveram no ano passado com Raúl Castro (Relações Exteriores, Cultura e Comércio Exterior).

Segundo diplomatas ouvidos pelo Le Figaro, a França tem, em primeiro lugar, interesses geopolíticos estratégicos em Cuba, "um país central nas relações com outras nações do Caribe". O jornal destaca que desde 1991, a França vota a favor da suspensão do embargo comercial à ilha no Conselho de Segurança da ONU.

Hollande tem a expectativa de se encontrar com Fidel Castro, acrescenta o diário, mas não programou nenhuma reunião com os opositores cubanos.

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