Acesso ao principal conteúdo

Libération critica dominação da França na Palma de Ouro em Cannes

A imprensa francesa avalia nesta segunda-feira (25) os prêmios distribuídos ontem no encerramento da 68ª Festival de Cannes, que privilegiou as produções francesas. A França ganhou os prêmios mais importantes da mostra: de melhor filme, ator e atriz. O jornal de esquerda Libération lança polêmica ao criticar, praticamente sozinho, as escolhas do júri, que este ano foi presidido pelos irmãos americanos Joel e Ethan Cohen.

O diretor francês Jacques Audiard, vencedor da Palma de Ouro de melhor filme em Cannes com o longa "Dheepan".
O diretor francês Jacques Audiard, vencedor da Palma de Ouro de melhor filme em Cannes com o longa "Dheepan". REUTERS/Eric Gaillard
Publicidade

O resultado final da premiação em Cannes foi "desagradável", afirma Libération. Segundo o diário, "parece que os irmãos Cohen agiram de forma afirmativa, procurando em uma seleção criticada pela baixa qualidade dos filmes o que havia de melhor". Sob esse ângulo, o responsável pela seleção, Thierry Frémaux, sai fortalecido, escreve o jornal, mas conceder a Palma de Ouro de melhor filme, ator e atriz para dramas sociais franceses é inexplicável, na opinião dos jornalistas do Libération que acompanharam o festival.

O único prêmio mais ou menos justo foi o de melhor diretor para o taiwanês Hou Hsiao-hsien "pelo magnífico 'A Assassina'". Diretor de obras-primas como "Flores de Shanghai", o cineasta taiwanês assina um filme de artes marciais, passado na China no século 9. "Ele foi o melhor diretor que se viu este ano em Cannes", declara Libération. "O festival ficou pequeno perto de uma obra tão esplêndida", enfatiza o jornal. E acrescenta: "Na verdade, é até cômico ver a Palma de Ouro de melhor filme escapar das mãos do taiwanês para cair nas mãos de um cineasta calculista e obcecado pela virilidade masculina que é Jacques Audiard", vencedor com o filme "Dheepan", história de um refugiado tamul e sua família na França.

Filmes próximos da vida real

Le Figaro compara o festival de Cannes aos Jogos Olímpicos. Para o diário conservador, "cineastas do mundo inteiro tiveram espaço para se apresentar este ano em Cannes: havia chineses, japoneses, gregos e americanos". "Os italianos estiveram bem representados, os franceses mais ainda." Os espectadores puderam viver as mais variadas emoções: medo, raiva, surpresa e tristeza. Na opinião do Le Figaro, os filmes da seleção oficial, várias vezes citados como grandes melodramas pela crítica, estão muito próximos da vida real, o que é uma coisa boa, segundo o jornal.

Aujourd'hui en France aprovou as escolhas do júri e diz que a França sai do Festival de Cannes com a cabeça erguida. Bem bairrista, o diário popular conta que, durante a exibição dos filmes, muita gente ficou irritada com o fato de que os melhores diretores franceses insistem em filmar dramas intimistas e sociais. No entanto, o que "parece cansativo" e exagerado para os franceses pode soar, ao contrário, "uma marca de excelência" para o público estrangeiro.

Acostumados com o estilo hollywoodiano, os irmãos Cohen, enquanto presidentes do júri, ficaram impressionados com as produções francesas e até aí não houve nada de errado, na opinião do Aujourd'hui en France. O jornal acha, por outro lado, que o cinema italiano, com três bons filmes na seleção oficial e de diretores consagrados, como Paolo Sorrentino, Nanni Moretti e Matteo Garrone, foi profundamente injustiçado ao sair do festival de mãos vazias.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.