Guiné-Bissau: Polícia invade sede PAIGC
A polícia guineense cercou a sede do PAIGC, bloqueando a entrada e saída de pessoas do edifício. O PAIGC deveria dar início esta terça-feira ao seu 9º congresso. As forças de segurança estão igualmente a revistar as instalações do partido à procura de armas de fogo, catanas e armas brancas.
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A polícia da Guiné-Bissau está a realizar buscas na sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. As autoridades, por ordens do Ministério Público, procuram armas de fogo, catanas e armas brancas.
A ordem da Vara Crime do Ministério Público, junto ao Tribunal Regional de Bissau, visa igualmente “indivíduos discriminados”.
Em entrevista à RFI, Cherif Djaló, militante do PAIGC que se encontra no interior da sede do partido, relatou a entrada da Polícia de Intervenção Rápida no edifício e sublinhou ainda que esses agentes procedem à revista das instalações do partido.
Cherif Djaló, militante PAIGC
Na sede do PAIGC estão, desde esta madrugada, mais de 200 pessoas, entre militantes e dirigentes, nos trabalhos preparatórios do 9º congresso da força política que estava previsto iniciar-se esta Terça-feira à tarde.
A sede do PAIGC fica a escassos metros do Palácio da Presidência.
A polícia diz estar a cumprir ordens de vários tribunais do interior do país onde teriam sido intentadas providências cautelares de militantes do PAIGC a solicitar a proibição da realização do 9° congresso do partido previsto para começar esta terça-feira.
Pelo menos dois juízes-presidentes de tribunais, um de Bissorã e outro de Buba, desmentiram que tenham sido intentadas acções judiciais naqueles tribunais a solicitar o impedimento da reunião magna do PAIGC.
Mussá Baldé, correspondente em Bissau
O PAIGC tinha pedido a presença de 150 soldados da Ecomib (contingente militar da África Ocidental) estacionada na Guiné-Bissau para garantir a segurança do local durante o congresso.
Entretanto, um coletivo de 18 partidos guineenses considerou que a democracia está ameaçada no país com a utilização de meios do Estado contra um partido político.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Coletivo de Partidos Democráticos, Agnelo Regalla informou que o grupo “está solidário com o PAIGC”.
Agnelo Regalla, porta-voz do Coletivo de Partidos Democráticos
No mesmo sentido, expressando-se igualmente esta tarde em conferência de imprensa, o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira responsabilizou o Presidente José Mário Vaz por esta situação, acusando-o de ser o mandante do cerco à sede do PAIGC com o pretexto de impedir a realização do congresso.
Domingos Simões Pereira disse ainda que se José Mário Vaz não mandar acabar com o cerco à sede do partido, será considerado "fora de lei".
Declarações de Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, recolhidas por Mussa Baldé, correspondente da RFI em Bissau
Refira-se ainda que esta situação não tem deixado de suscitar preocupação dentro e fora do país.
O chamado P5, o grupo de instituições internacionais envolvidas no processo de estabilização da Guiné-Bissau, a União Europeia, União Africana, Nações Unidas, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa emitiu um comunicado em que apela para o respeito pela lei e a liberdade de reunião, o mesmo grupo insistindo igualmente sobre a necessidade da nomeação de um Primeiro-Ministro em conformidade com o que ficou estabelecido no Acordo de Conacri.
Também preocupado está Cabo Verde cujo chefe da diplomacia, Luís Filipe Tavares, declarou que o seu país vai continuar a acompanhar "com muito cuidado" a situação na Guiné-Bissau.
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