Moçambicano Francisco Madeira nomeado líder da missão da UA na Somália
O moçambicano Francisco Madeira foi nomeado, esta quarta-feira, chefe da missão da União Africana (UA) na Somália (AMISOM) e representante especial da UA no país. Hoje, os islamitas somalis prometeram “receber com balas” os 70 efectivos britânicos que vão integrar o contingente da AMISOM.
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O moçambicano Francisco Madeira foi nomeado, esta quarta-feira, chefe da missão da União Africana (UA) na Somália (AMISOM) e representante especial da UA no país, substituindo o nigerino Maman Sambo Sidikou.
Francisco Madeira era, desde 2010, o representante especial da UA para a cooperação anti-terrorismo e diretor do Centro Africano de Estudos e Investigação sobre o Terrorismo, em Argel, tendo sido também o enviado especial para o Exército de Resistência do Senhor entre Novembro de 2011 e Julho de 2014.
Francisco Madeira foi, ainda, embaixador de Moçambique em vários países africanos de 1984 a 1989 e conselheiro da presidência. O diplomata integrou, também, uma delegação do governo nas negociações de paz com a Renamo que resultaram no Acordo Geral de Paz, assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992.
Em Moçambique, ele foi ministro da Presidência para os Assuntos Parlamentares (1995-1999), ministro na Presidência para os Assuntos Diplomáticos (2000-2010) e membro do Parlamento moçambicano de Janeiro de 2005 a Janeiro de 2010.
Francisco Madeira participou em vários processos de paz no continente, tendo sido o representante especial de Moçambique para a Região dos Grandes Lagos; mediador nas negociações de Arusha, no Burundi (1997-2000); enviado especial do antigo presidente da União Africana, Joaquim Chissano, para São Tomé e Príncipe na sequência do golpe de Estado de Julho de 2013; membro da equipa de mediação do Sudão do Sul nas negociações com o Exército de Resistência do Senhor; enviado especial da UA para as ilhas Comores (1999 a 2010).
Francisco Madeira nasceu a 4 de Abril de 1954 na Cidade da Beira, em Moçambique. É formado em Relações Internacionais pelo Centro de Relações Internacionais de Dar-es-Salaam, na Tanzânia, e em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane em Maputo.
Somália: uma situação explosiva
A nomeação do chefe da missão da União Africana acontece numa altura em que a UA está a tentar acelerar a estabilização na Somália e neutralizar a milícia islâmica Al-Shabab e outros grupos terroristas, meses antes das eleições de 2016.
A AMISOM, criada em 2007, conta atualmente com 22.000 soldados africanos, provenientes do Burundi, Djibuti, Quénia, Etiópia e Uganda, ajudando o exército somali no combate contra os Al-Shabab. Os islamitas retiraram de Mogadíscio em 2011 e, depois, da maioria dos bastiões que controlava no sul e no centro da Somália.
No entanto, a milícia islâmica conserva, ainda, vastas zonas rurais e privilegia as acções de guerrilha e os atentados suicidas contra a AMISOM e os símbolos do poder em Mogadíscio.
Em Junho e em Setembro, os Al-Shabab tomaram, temporariamente, duas bases da AMISOM, mas a força africana não comunicou nenhum balanço dos ataques. Testemunhas locais relataram várias dezenas de mortos em ambas as partes.
Em Setembro, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou o envio de 70 militares para a Somália e 300 para o Sudão do Sul. Os islamitas somalis prometeram “receber com balas” os ingleses.
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