Moçambique manda fabricar 800 mil carteiras escolares com madeira apreendida
O governo moçambicano anunciou ontem que vai mandar fabricar 824.361 carteiras escolares com a madeira ilegal apreendida há cerca de 4 meses no quadro da "Operação Tronco", uma operação de fiscalização realizada em Março nas províncias onde se explora a madeira.
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No âmbito desta operação que abrangeu designadamente Nampula, Cabo Delgado, Tete, Zambézia, Sofala e Manica, o Estado moçambicano recolheu 151 mil metros cúbicos de madeira ilegalmente subtraída das florestas moçambicanas e foram aplicadas multas no valor total de 157 milhões de meticais.
Na altura em que ocorreu esta operação, gerou-se um debate a nível nacional sobre o destino a dar à madeira apreendida. A lei moçambicana prevê que nestes casos o que é apreendido é vendido em hasta pública ou usado numa actividade de utilidade pública, contudo não deixou de haver posições divergentes: enquanto a Associação dos Madeireiros de Moçambique preconizava a incineração pura e simples da madeira apreendida como meio de dissuadir eventuais prevaricadores, outras organizações da sociedade civil, nomeadamente a União Nacional dos Estudantes pronunciou-se a favor da utilização da madeira ilegal para se fabricarem carteiras escolares.
De acordo com Bernardino Zunguza, presidente da União Nacional dos Estudantes, cerca de 1,3 milhões de jovens continuam a estudar sem mobiliário, pelo que saúda a decisão de se fabricarem 800 mil carteiras escolares: "obviamente que precisamos de mais, mas é melhor ter 800 mil do que não ter nada", declarou Bernardino Zunguza à RFI.
Bernardino Zunguza, presidente da União Nacional dos Estudantes
Refira-se ainda que segundo o governo moçambicano, todos os anos o Estado perde pelo menos 150 milhões de dólares com a extracção e comercialização ilegal de madeira, uma situação que qualifica de "roubo à luz do dia". O executivo moçambicano indica igualmente que o volume de madeira apreendida este ano representa cerca de um terço do corte anual autorizado.
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