Polícia tenta impedir actividade do CIP em Maputo
Agentes da polícia concentraram-se esta segunda-feira frente à sede em Maputo do Centro de Integridade Pública no intuito de impedir esta ONG de conduzir a sua campanha contra o pagamento das chamadas "dívidas ocultas".
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Agentes da polícia procuram inviabilizar a campanha popular lançada pelo do Centro de Integridade Pública - CIP - contra o pagamento das chamadas "dívidas ocultas" de mais de dois mil milhões de dólares, consideradas ilegais porque contraídas entre 2013 e 2014 à revelia do parlamento e posteriormente inseridas no Orçamento Geral do Estado.
Baltazar Fael, investigador do CIP insurge-se contra a reacção da polícia nos seguintes termos "estamos a ter uma reacção por parte dos orgãos policiais que de alguma forma nos assusta, porque nós não estamos a levar a cabo uma actividade subversiva ou de criação de desordem".
Orfeu Lisboa, correspondente em Maputo
A campanha EU NÃO PAGO DÍVIDAS OCULTAS consiste na oferta de camisetes e é acompanhada da gravação de depoimentos de populares, para posterior divulgação nas redes sociais, o que segundo Baltazar Fael "é uma forma de mostrarmos...a nossa indignação para com esta acção que o governo está a querer impor aos cidadãos moçambicanos".
A iniciativa pretende forçar o Parlamento moçambicano a revogar a resolução que aprovou o orçamento de Estado de 2015 no qual as dívidas foram autorizadas e legalizadas.
As chamadas dívidas ocultas no valor de mais de dois mil milhões de dólares, foram avalizadas em 2013 e 2014 pelo Estado moçambicano - mas à revelia do parlamento - a favor das empresas públicas Ematum, Proindicus e MAM, criadas sob a alçada dos Serviços de Informação e Segurança do Estado - SISE.
Em conexão com estas "dívidas ocultas" e em cumprimento de um mandado de captura internacional emitidos pelos Estados Unidos, foi detido na África do Sul a 29 de dezembro o antigo ministro das finanças Manuel Chang, bem como em Londres três banqueiros do Crédit Suisse e em Nova Iorque o cidadão franco-libanês Jean Boustani, ligado à empresa Privinvest com sede em Dubai que facilitou os empréstimos.
A PGR de Moçambique diz ter uma lista de 18 indiciados neste caso, incluindo Manuel Chang, mas é desconhecida a totalidade dos nomes tanto em posse da PGR quanto da investigação norte-americana.
Outras organizações da sociedade civil moçambicana também lançaram uma petição contra o pagamento das "dívidas ocultas" pelos moçambicanos e exigindo a responsabilisação dos que a contraíram.
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