Papa debate com 150 cardeais escândalos de pedofilia
Cardeais do mundo inteiro se reúnem no Vaticano com Bento XVI para discutir temas como a liberdade religiosa e a resposta da Igreja aos escândalos de pedofilia de padres. O Vaticano não quer criar expectativas e já avisou que não publicará documentos. Cardeal mexicano admite que está "cansado" de falar sobre abusos sexuais.
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Esta é a primeira vez que 150 cardeais do mundo inteiro analisam com o papa Bento XVI os escândalos de clérigos pedófilos desde a polêmica do ano passado, quando foi revelado que centenas de crianças irlandesas sofreram abusos sexuais por parte de sacerdotes da arquidiocese de Dublin, entre 1975 e 2004. Desde então, outros casos foram tornados públicos em países como Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Holanda, Bélgica, Reino Unido e Itália.
O encontro desta sexta-feira é visto com ceticismo pelas vítimas de abuso sexual. Uma delas, Joëlle Casteix, de 40 anos, que foi até Roma para protestar contra a falta de decisões mais duras para punir os padres pedófilos, disse à imprensa local que a reunião no Vaticano não é suficiente.
"Se o papa e os cardiais querem realmente mudar alguma coisa, deveriam se reunir com policiais e magistrados e não se contentar em fazer uma reunião apenas entre eles", afirmou.
O Vaticano não quer criar expectativas em torno do assunto. O porta-voz Federico Lombardi já avisou que não deverá haver a publicação de documentos após as reuniões.
Os escândalos de pedofilia na Igreja já renderam tanta polêmica que o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, um dos participantes da "jornada de reflexão e oração" com o sumo pontífice, admitiu a jornalistas que está "cansado" de falar sobre o assunto.
"Estou cansado de que se fale deste tema, isso corresponde a uma avalanche jornalística", disse o cardeal, que é presidente emérito do Conselho Pontifício para a Saúde.
Arcebispo brasileiro de Aparecida será ordenado cardeal neste sábado
As discussões sobre pedofolia na Igreja foram deixadas para o final da jornada desta sexta-feira. As reuniões começaram com algumas palavras de Bento XVI, seguidas do discurso do cardeal secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, sobre a situação da liberdade religiosa no mundo e os novos desafios.
Outro assunto abordado foi a liturgia e a constituição "Anglicanorum Coetubus", texto que autorizou no ano passado a entrada de centenas de anglicanos na Igreja Católica.
A "jornada de reflexão e oração" foi organizada às vésperas do consistório para a ordenação de 24 novos cardeais, entre eles o brasileiro Raymundo Damasceno Assis, de 73 anos, arcebispo de Aparecida.
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