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Líbia/Conferência

Líbia terá 15 bilhões de dólares desbloqueados imediatamente

Ao fim da Conferência dos Amigos da Líbia em Paris, nesta quinta-feira, a ONU e os 63 países participantes decidiram por unanimidade desbloquear 15 bilhões de dólares em bens líbios no exterior, anunciou o presidente francês, Nicolas Sarkozy. A Otan informou que vai manter suas operações em território líbio enquanto Muammar Kadafi e seus partidários forem uma ameaça.

Participantes da Conferência sobre a Líbia, em Paris, decidem desbloquear bens líbios no exterior
Participantes da Conferência sobre a Líbia, em Paris, decidem desbloquear bens líbios no exterior Reuters
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No mesmo momento em que representantes de 63 países e da ONU se reuniam no Palácio do Eliseu, em Paris, para uma importante conferência sobre a Líbia, foi divulgada nesta quinta-feira, pelo canal de televisão Arrai, uma mensagem de áudio do ditador Muammar Kadafi em que ele nega qualquer possibilidade de se render e conclama os líbios a resistir e a continuar a batalha contra os rebeldes. Na capital francesa, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o premiê britânico, David Cameron, anunciaram que a Otan vai manter as operações em território líbio enquanto Kadafi e seus partidários representarem uma ameaça para o povo líbio.

Ao final do encontro dos Amigos da Líbia, que previa mobilizar apoio político e financeiro para a reconstrução e a democratização do país, os participantes decidiram por unanimidade retirar o bloqueio dos bens líbios no exterior, estimados em 50 bilhões de dólares. Sarkozy informou que um terço deste dinheiro, 15 bilhões de dólares, foi oficialmente desbloqueado nesta quinta-feira pelos países presentes na conferência. A soma liberada pela França é de 1,5 bilhão de euros. Os líderes do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político que representa os insurgentes, pediram, em Paris, que seja formada uma comissão para gerenciar estes bens.

Líbios decidirão onde Kadafi será julgado, diz Sarkozy

Na entrevista coletiva à imprensa, o presidente francês disse que, assim que Kadafi for preso, serão os líbios que decidirão se o coronel será julgado no próprio país ou diante da Justiça internacional. Ele pediu, em nome dos participantes da conferência, que o CNT inicie um processo de reconciliação e de perdão na Líbia para que erros do passado não se repitam. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, também fez um apelo para que as novas autoridades líbias lutem contra o extremismo violento e tentem evitar que os estoques de armas de Kadafi virem uma ameaça para o mundo.

Nesta quinta-feira, uma mistura de alívio e preocupação tomou conta dos opositores de Kadafi na Líbia. Se o ditador ainda estivesse no poder, o dia seria de comemorações nas ruas de Trípoli pelo aniversário dos 42 anos de golpe de Estado, realizado no dia 1° de setembro de 1969. Em vez disso, a população entoou gritos contra o regime. Os rebeldes se preparam para atacar Syrte, última grande cidade controlada pelos fiéis ao ditador.

Kadafi perdeu mais um colaborador do regime. Seu primeiro-ministro, al-Baghdadi Ali al-Mahmoudi, disse ao canal árabe Al-Arabiya nesta quinta-feira que passou a apoiar "o novo poder interino líbio", representado pelos insurgentes.

Brasil não reconhece o CNT em comunicado

A embaixada brasileira em Paris divulgou, nesta quinta-feira, uma declaração do Ministério das Relações Exteriores, na qual o país encoraja "um processo democrático de transição, que transcorra com segurança e em pleno respeito aos direitos humanos e aos interesses dos diferentes segmentos da sociedade líbia". Neste documento, o Brasil lembra que os assuntos relativos à Líbia e a outros conflitos internacionais devem ser tratados no âmbito da ONU.

O governo brasileiro ainda não reconhece o Conselho Nacional de Transição como representante legítimo do povo líbio, e se absteve no voto da resolução 1973, que decidiu a intervenção militar na Líbia. No entanto, foi favorável às sanções contra o regime de Kadafi. Decidindo participar da Conferência, o Brasil mantém sua neutralidade em alguns posicionamentos. O país tem interesses comerciais na Líbia, que é um grande importador de produtos agrícolas brasileiros.

O representante do Brasil na Conferência de Paris foi o embaixador brasileiro no Egito, Cesario Melantonio Neto, que não quis dar declarações à imprensa.

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