Presidente do Sudão do Sul quer diálogo com rival para cessar violência
O governo do Sudão do Sul declarou neste sábado estar pronto para discutir “sem condições prévias” com Riek Machar, rival do presidente Salva Kiir, para por fim às violências que dividem o país. A decisão atende um pedido feito pelo Conselho de Segurança da ONU.
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“Estamos prontos para dialogar com todos os rebeldes, entre eles Riek Machar, sem condições”, afirmou o governo em sua conta no twitter. O chanceler etíope, Tedros Adhanom, que lidera uma delegação africana composta de 5 países, declarou, após ter se encontrado com os dois rivais nesta sexta-feira, que as discussões foram “muito produtivas”.
Diante do aumento da violência no Sudão do Sul, país que se tornou independente do Sudão em 2011, a Onu e os Estados Unidos enviaram um negociador para o país, o embaixador Donald Booth.
Durante à noite, tiros foram ouvidos na capital Juba, segundo moradores. Ataques nesta quinta-feira deixaram dezenas de civis e dois capacetes azuis de origem indiana mortos. Neste sábado, o exército, apoiado por helicópteros, se dirige à cidade de Bor, a 200 quilômetros ao norte da capital, controlada desde quinta-feira pelos partidários de Riek Machar.
Bor é a capital do estado de Jonglei, um dos mais instáveis do país.
Um porta-voz do Exército Popular pela Libertação do Sudão afirmou que há combates na região e o exército governamental tem o apoio de “unidades aéreas”. Ele desmentiu rumores de que os militares ugandeses participaçam das operações contra as forças leais a Riek Machar.
Os soldados foram enviados nesta sexta-feira pela Uganda para ajudar a reestabelecer a calma em Juba e também para ajudar na retirada de cidadãos ugandeses do Sudão do Sul.
Em uma declaração unânime, mas não obrigatória, o Conselho de Segurança da Onu pediu para que o presidente Salva Kiir e seu rival Riek Machar lançassem “um apelo para o fim das hostilidades e o início imediato de um diálogo”. A rivalidade política entre Kiir e Machar provocou uma onda de violência entre duas etnias, a Dinka e Nuer.
O secretário de Estado americano, John Kerry, também pediu a abertura de um diálogo. “Chegou a hora dos dirigentes do Sudão do Sul de controlar os grupos armados sob seu comando e parar imediatamente com os ataques contra os civis e por um fim à engrenagem violenta de diferentes grupos étnicos e políticos”, afirmou. A ONU identificou 14 locais no país onde foram registrados confrontos, tensões entre civis ou conflitos.
Retirada
Diante da onda de insegurança, o governo do Quênia decidiu enviar "imediatamente" ao Sudão do Sul soldados de sua Força de Defesa para retirar 1.600 cidadãos quenianos presentes no país. O anúncio foi feito pelo porta-voz do presidente Uhuru Kenyatta através de um comunicado oficial divulgado neste sábado.
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