Turcos voltam às ruas para pedir saída de Erdogan
A três meses das eleições municipais, um escândalo de corrupção ameaça o mandato do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. Segundo o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, a crise é um teste para a democracia turca. Em uma entrevista que será publicada no jornal Bild am Sonntag deste domingo, ele pede à Ankara que esclareça as suspeitas de corrupção.
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Na sexta-feira, a população voltou a praça Taksim em Istambul, lugar emblemático das manifestações que sacudiram o país em junho deste ano, para pedir a saída do governo. Gás lacrimogêneo e canhões de água foram novamente utilizados para dispersar os milhares de manifestantes que pediam o fim da corrupção. Nos últimos três dias, protestos também foram registrados em Ankara, Izmir, Adana, Eskisehir, Tunceli, e nas grandes cidades do país.
Há quinze dias, um escândalo político financeiro veio a tona e envolve pessoas próximas ao primeiro-ministro e mesmo seu filho, que dirige uma ONG voltada para jovens e para a educação. Segundo a imprensa turca, Bilal Erdogan é acusado de "formação de uma organização criminosa com fins lucrativos". O procurador responsável pelo caso, Muammer Akkas, foi afastado de suas funções.
O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro já levou a demissão dos ministros da Economia, do Interior e do Meio Ambiente, depois da acusação de envolvimento de seus filhos, que estão em prisão preventiva. Determinado a não renunciar, Erdogan se expressou na sexta-feira diante dos manifestantes em Istambul. "Eu lhes digo claramente, se nosso povo nos diz "saia", nós partiremos, não há nenhuma dúvida. Porque nossa referência é a escolha do povo. Mas se o povo nos diz de ficar, então nós não escutaremos aqueles que nos dizem de partir", garantiu.
Mas o primeiro-ministro turco parece se encontrar cada vez mais isolado, com seu partido concervador islâmico comprometido e com quatro de seus ministro sendo investigados por irregularidades. Nesta semana, foram quatro demissões, entre elas as de dois ex-ministros. A oposição acusa Erdogan, no poder desde 2003, de governar o país através de um "Estado paralelo".
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