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Camboja/Protestos

Oposição cambojana cancela protesto devido a repressão policial

A oposição cambojana anulou uma grande manifestação prevista para este domingo em Phnom Penh após a violenta repressão contra operários da indústria têxtil ligados ao movimento de contestação contra o governo do primeiro-ministro Hun Sen, no poder há 28 anos. Neste sábado, 4 de janeiro de 2014, policiais e funcionários municipais da capital obrigaram opositores a evacuarem um parque que eles ocupavam há várias semanas.

Policiais e agentes à paisana armados de bastões e barras expulsaram os opositores da praça da Liberdade e patrulham as ruas de Phnom Penh neste sábado, 4 de janeiro de 2013.
Policiais e agentes à paisana armados de bastões e barras expulsaram os opositores da praça da Liberdade e patrulham as ruas de Phnom Penh neste sábado, 4 de janeiro de 2013. REUTERS/Samrang Pring
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O líder do Partido de Salvação Nacional do Camboja (PSNC), Sam Rainsy, havia inicialmente afirmado que a manifestação de domingo aconteceria, antes de voltar atrás. Ele denunciou a repressão sangrenta de sexta-feira e exigiu uma investigação.

As forças de segurança mataram quatro pessoas nesta sexta-feira durante confrontos com operários grevistas e militantes do PSNC no parque industrial Canadia em Phnom Penh. Algumas das fábricas têxteis instaladas ali trabalham para marcas ocidentais como Adidas, Puma ou H&M.

Na Alemanha, a Puma anunciou neste sábado em um comunicado a suspensão da produção em calgumas de suas fábricas em Phnom Penh. A empresa possui 13 fábricas no Camboja. O grupo Adidas disse estar preocupado com os eventos no país e especificou que está em contato com seus fornecedores locais.

O PSNC apoia as reivindicações dos trabalhadores e defende um salário mínimo mensal equivalente a 380 reais. O governo se recusa a ir além de 237 reais. Cerca de 350 mil trabalhadores são empregados nas quase 500 fábricas têxteis do país.

Protestos

As autoridades cambojanas proibiram até nova ordem neste sábado todas as manifestações da oposição.
A oposição, que reuniu ao menos 20 mil pessoas nas ruas de Phnom Penh nos últimos meses, pede a saída do primeiro-ministro Hun Sen e novas eleições, denunciando fraudes maciças nas legislativas de julho.

Centenas de partidários da oposição acampavam desde o dia 15 de dezembro no parque da Liberdade, o único lugar de Phnom Penh onde as manifestações são autorizadas. Eles foram expulsos de lá neste sábado.

A oposição acusou policiais à paisana de terem molestado manifestantes e pediu que seus partidários não reagissem às provocações.

"Nós deploramos e condenamos a violência à qual as forças armadas, sob orientação do atual governo, recorreram", disse Sam Rainsy. "Pedimos que os dois campos, operários e forças armadas, se retirem e cessem toda forma de violência a fim de encontrar uma solução pacífica", acrescentou.

A ong Anistia Internacional pediu a abertura de uma investigação sobre os eventos de sexta-feira. A violência também foi denunciada pelos Estados Unidos e pela ONU. O Centro cambojano para os direitos humanos denunciou neste sábado "uma violenta repressão dos direitos humanos" nos três últimos dias, que conduziu a "uma nova deterioração do estado da democracia" no país.

Apesar do seu rápido crescimento, o Camboja ainda é um dos países mais pobres do planeta, e o descontentamento da população está aumentando diante da apropriação das riquezas, sobretudo das terras, por pessoas próximas do governo. Hun Sen, de 61 anos, está no poder desde 1985 e prometeu permanecer no comando do país ao menos outros dez anos.

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