Acusados pelo assassinato de Hariri são julgados em meio a onda de violência no Líbano
Um novo atentado nesta quinta-feira (16) no leste do Líbano, a dez quilômetros da fronteira com a Síria, deixou pelo menos três mortos e 25 feridos. Um carro-bomba explodiu em frente à sede do governo local de Hermel, reduto do movimento xiita Hezbollah. O ataque acontece no primeiro dia do julgamento à revelia dos quatro acusados pelo assassinato em 2005 do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri.
Publicado a: Modificado a:
O processo acontece no Tribunal Especial para o Líbano, em Haia, na Holanda. Segundo a imprensa libanesa, os quatro acusados vivem tranquilamente na periferia sul de Beirute, sob a proteção do Hezbollah. O movimento extremista xiita teria se recusado a entregar os homens porque considera o Tribunal Especial para o Líbano, apoiado pelas Nações Unidas, um instrumento dos Estados Unidos e de Israel.
Os acusados - Amine Badreddin, Salim Jamil Ayyash, Hussein Hassan Oneissi e Assad Hassan Sabra Mustafa - foram presos após o exame de uma rede de telefones celulares e a análise de dados das chamadas e de geolocalização.
Na abertura do julgamento, o juiz David Re anunciou que o procurador pretende convocar centenas de testemunhas e apresentar milhares de provas indicando a responsabilidade dos quatro homens.
Xiitas x sunitas
O atentado que matou Rafic Hariri em 14 de fevereiro de 2005 deixou no total 22 mortos e 226 feridos, vítimas da explosão de três toneladas de explosivos escondidos dentro de um carro da marca Mitsubishi. O líder da comunidade sunita libanesa foi assassinado diante do hotel Saint-George, em Beirute. Uma grande maquete da cena do crime foi instalada no meio da sala de audiências em Haia.
O crime chocou grande parte da população libanesa e modificou profundamente o quadro político do Oriente Médio, provocando a partida dos militares sírios que ocupavam o Líbano.
Apesar da ausência dos acusados, o julgamento pode ter grande repercussão caso o tribunal consiga indicar quem foi o mandante do atentado e provar a responsabilidade do governo de Damasco e do Hezbollah.
O processo, no entanto, é ofuscado pela onda de violência que toma conta do Líbano, ameaçado pela extensão do conflito na vizinha Síria. A guerra entre os rebeldes e o presidente Bashar al-Assad contribuiu para intensificar os conflitos entre sunitas e xiitas do Líbano. O Hezbollah combate os rebeldes ao lado das tropas de Assad.
Pouco antes do início do julgamento nesta quinta-feira (16), a explosão de um carro-bomba deixou ao menos três mortos e 25 feridos na cidade libanesa de Hermel, perto da fronteira com a Síria. A região é um reduto do Hezbollah.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro