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Japão/Escândalo

Premiê japonês se desculpa por ministra que gastou R$ 230 mil em produtos de beleza

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pediu desculpas hoje pelo comportamento de duas ministras demitidas por corrupção: a da Indústria, Yuko Obuchi, e a responsável pela pasta da Justiça, Midori Matsushima. Esta última distribuiu material de campanha - o que é proibido no Japão -, enquanto a primeira é acusada de ter gasto R$ 230 mil em produtos de beleza. O caso abala a reforma de gênero que o premiê tenta promover, em um país historicamente controlado por homens. 

A ex-ministra da Indústria, Yuko Obuchi, que pediu demissão neste fim de semana
A ex-ministra da Indústria, Yuko Obuchi, que pediu demissão neste fim de semana REUTERS/Toru Hanai
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Com a saída das duas, caiu para três o número de mulheres no governo Abe. "Eu sou a pessoa que nomeou as duas. Como primeiro-ministro, assumo a responsabilidade por isso e peço profundas desculpas por essa situação", declarou o premiê a repórteres. Esta é a maior crise enfrentada por Shinzo Abe desde que ele chegou ao poder em dezembro de 2012, depois de uma longa série de premiês que não conseguiram completar um ano no cargo. Analistas japoneses acreditam que sua popularidade não passará incólume, mas a crise não deve inviabilizar sua continuidade no cargo.

Obuchi, candidata potencial à sucessão de Abe, é acusada de ter utilizado o equivalente a R$ 230 mil do orçamento do ministério para comprar produtos de beleza, entre 2007 e 2012. Filha de um ex-premiê e mãe de duas crianças, ela dava uma imagem "familiar" ao governo e era considerada uma peça importante para a retomada da exploração da energia nuclear no país, interrompida desde o acidente de Fukushima, em 2011.

Em entrevista coletiva, Yuko Obuchi justificou sua demissão afirmando que não é possível que as políticas energética e econômica do país fiquem paralisadas por conta de problemas pessoais da ministra. "Vou resignar e focar em responder às acusações", explicou, depois de uma conversa de meia hora com Shinzo Abe.

A ministra da Justiça, Midori Matsushima, demitiu-se do cargo por ter violado a legislação eleitoral, ao distribuir leques de papel com sua imagem e nome a eleitores de sua circunscrição. A lei japonesa não permite este tipo de propaganda eleitoral.

Sucessão

Agora, o ministério da Indústria passará para Yoichi Miyazawa, advogado e sobrinho do ex-primeiro ministro Kiichi Miyazawa; e o da Justiça será comandado por Yoko Kamikawa, uma política veterana, que já foi ministra de Estado, responsável por enfrentar a queda de natalidade no país.

A nomeação de cinco mulheres para a equipe ministerial foi uma tentativa de Abe de incentivar o aumento da participação das mulheres na sociedade. Atualmente, o país perde uma boa parte de sua capacidade produtiva pelo fato de que boa parte delas deixam o mercado de trabalho depois do casamento.

 

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