Acesso ao principal conteúdo
EXPO 2015

China em grande na Expo Milão 2015

A controvérsia suscitada pelo seu pavilhão gigantesco aquando da última Exposição Universal de Xangai em 2010 levou sem dúvida a China a rever os seus sonhos de grandeza já que este ano em Milão ela apresenta-se com um pavilhão de 4 590 m2, colocando-a em segundo plano mundial, logo a seguir à Alemanha.

Pavilhão chinês na Expo de Milão
Pavilhão chinês na Expo de Milão Expo 2015
Publicidade

Embora algo mais discreto o pavilhão chinês é ainda assim bastante imponente por se encontrar ladeado de dois outros pavilhões, ou seja um total de três ! Se a China acolhia o mundo em casa durante a última Expo, ela faz parte desta feita do seu olhar sobre o mundo e interpreta à sua maneira o tema da Expo Milão 2015 "Alimentar o planeta, energia para a vida".

Há 5 anos na Expo Xangai a China quis dar provas da sua nova potência perante o mundo inteiro, apostando numa espécie de gigantismo. Em Milão o tema do seu pavilhão é "Terra de esperança" e parece ir na linha do tema de 2015 "Alimentar o planeta, energia para a vida".

A China apresenta através do seu pavilhão a sua agricultura, a sua alimentação, o futuro da cadeia alimentar bem como a sua percepção do desenvolvimento económico. De acordo com a apresentação do comissário chinês Wang Jinzhen a mensagem veiculada prende-se com o tema "Terra de esperança" assente na importância da coexistência harmoniosa entre o homem e a natureza.

O pavilhão chinês serpenteia no meio de um campo comprido. Lá dentro mihares de lâmpadas LED representam uma "onda de trigo", símbolo de um campo dinâmico vibrando com o sopro do vento. O pavilhão divide-se em quatro zonas temáticas, o reflexo tanto da tradição agrícola como da filosofia antiga ao associar o Céu, a Terra, o Homem e a Harmonia. 

Ao lado do Pavilhão nacional estão situados outros dois: o pavilhão da Vanke, multinacional chinesa líder no sector da habitação e o pavilhão da China Empresa (CCUP), uma rede reunindo as empresas mais importantes do país.

A opinião dos visitantes é díspar quanto ao pavilhão da China "Não vejo muito bem a relação entre as quatro zonas temáticas com o tema da Expo"...

Um visitante chinês insurge-se "A meu ver estes temas antigos encarnam sobretudo uma espécie de filosofia com inspiração em Confúcio. Além disso "Terra de esperança" lembra uma célebre canção com o mesmo nome dos anos 80, da cantora Peng Liyuan, ou seja a mulher do presidente chinês Xi Jinping."

Ao terminar a visita um outro chinês, o senhor Wu confidencia aos jornalistas: "De momento vi só alguns pavilhões, mas os da China não me agradam muito, fora são muito bonitos, mas lá dentro há pouca coisa".

Ele queixa-se do mau acolhimento: pouco pessoal no interior e logo muito poucas explicações a poderem ser fornecidas aos visitantes, enquanto os outros pavilhões respondem sempre às perguntas colocada. O senhor Wu prefere o pavilhão do Japão.

Tal não é a opinião de uma jovem de Xangai, Zhu Chen que trabalha como voluntária para o pavilhão China Empresa e vende "Expo passaportes" mesmo em frente à Expo.

"Claro que cada um tem o seu Hamlet no fundo do coração", diz ela, mas o seu parecer é muito claro: "nesta Expo acho que o meu país foi o mais bem sucedido, a seguir vêm a Alemanha e o Brasil".

Ela acha que com os soldados da terra e a rota da seda, o pavilhão da China se conseguiu demarcar. "A China é um grande país, não deve dar provas de fraqueza. É importante para a imagem do país. Claro que também devemos aprender com os demais."

 Uma centena de metros além situa-se o pavilhão China Empresa dedicado ao tema "a semente da China" que dá eco ao tema "Terra de esperança".

Lá dentro tudo é feito para testemunhar do desempenho e da criatividade da empresa chinesa. Marcámos encontro com o director do pavilhão, o senhor Huang Yaocheng. De acordo com ele o pavilhão pretende ser um local onde as empresas chinesas encontram as suas congéneres europeias.

Que mensagem quis fazer passar a China por intermédio dos seus pavilhões para a Expo 2015 ? O senhor Huang explica que a semente simboliza a vida, que é também o símbolo da empresa chinesa, e a ideia é exportar-se estas sementes em todo o mundo. "Queremos encorajar as empresas a sair da China e a ir pelo mundo fora. 

Damos simultaneamente uma atenção primordial à protecção do ambiente e à segurança alimentar". Ele cita o arroz híbrido criado pelo cientista Yuan Longping, que é ao mesmo tempo de bom desempenho ao nível da colheita e de um custo inferior em relação aos outros tipos de arroz.

Nesta Expo o pavilhão da Itália atrai muitas atenções devido à tecnologia TX: o prédio é capaz de engolir a poluição das partículas muito finas que o rodeiam quando a luz o atinge em cheio. 

Tal como as imagens das árvores na floresta o revestimento branco consegue capturar a poluição presente na atmosfera graças à sua arquitectura em tela. 

Ora acontece que este tipo de poluição está muito patente na China, o que representa tema de reflexão para a China. "É uma grande pergunta, não lhe posso responder" declara o senhor Huang, com ar algo incomodado, e esquiva-se.

O senhor Huang tinha participado na organização da Expo Xangai 2010 e pedimos-lhe a sua opinião acerca da Expo Milão 2015.

"O que reteve a minha atenção é que muitos países, independentemente do tamanho, grandes ou pequenos, deram provas de originalidade nesta Exposição" e cita alguns exemplos como o Cazaquistão, Abu Dabi, Venezuela pela utilização da tecnologia 3D, o Japão, a Alemanha e a Itália pela sua tomada de consciência ao nível da protecção ambiental. E acrescenta, finalmente, "devo dizer que o nosso pavilhão também atraíu muitos visitantes".

Comparando com a Expo Xangai 2010 ele não é parco em elogios para o país anfitrião ao garantir a segurança da organização de forma simultaneamente descontraída e eficaz.

Efectivamente o controlo exagerado de Xangai tornava a atmosfera pesada devido ao seu rigor e à frequência dos planos de emergência.

"Aqui o país organizador fez bem as coisas, tenho a impressão que está tudo em ordem sem ter, porém, a impressão de me encontrar num campo militar. É verdade que há menos visitantes do que em Xangai, mas as pessoas estão descontraídas, passeiam com o ar muito satisfeito. É um bom exemplo a seguir para todos os organizadores de futuros grandes projectos."

Relato do enviado especial do serviço China a Milão

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.