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Nações Unidas

ONU condena abusos sexuais de capacetes azuis

O conselho de segurança da ONU adoptou ontem com dificuldade uma resolução preconizando o repatriamento das unidades de capacetes azuis cujos membros sejam suspeitos de abusos sexuais.O voto desta que é a primeira resolução atacando directamente este problema vem no seguimento de um recente relatório do Secretário-geral da ONU dando conta de 69 casos de abuso sexual pelos capacetes azuis no ano passado, o que representa um "aumento nítido" do número de casos comparando com 2014.

Capacete azul no leste da RDC, onde a ONU tem uma das suas 16 missões de paz espalhadas pelo mundo
Capacete azul no leste da RDC, onde a ONU tem uma das suas 16 missões de paz espalhadas pelo mundo MONUSCO/Abel Kavanagh
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Para além de revelar que duas das 16 missões no mundo acumulavam cerca de metade dos casos registados, as missões da ONU na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo, o documento apontava ainda um dedo acusador a 21 dos 122 países que fornecem tropas e referia ainda que o problema continua, já que segundo ainda a ONU foram recenseadas 26 novas acusações do mesmo género desde o começo deste ano.

Para remediar a esta situação que já dura há vários anos, os Estados Unidos propuseram a adopção desta resolução que não só preconiza o repatriamento das unidades onde se encontram elementos acusados de abusos sexuais como também estabelece que sejam afastados das operações de paz os países que não tomarem medidas contra os soldados culpados de abusos. Esta resolução contudo não despertou um total entusiasmo.

Apesar dos abusos sexuais serem unanimemente condenados, a estratégia de combate diverge consoante os países. Embora os Estados Unidos forneçam 28% do orçamento, a maioria dos soldados são oriundos de países emergentes como a Índia, o Paquistão, o Bangladesh, o Egipto, a Etiópia ou ainda o Ruanda. Durante a reunião de ontem foi visível esta distinção.

O Egipto, um dos países que contribuem com tropas, propôs emendas ao texto por considerar que a sua adopção poderia fazer pagar caro a contingentes inteiros o comportamento de algumas "ovelhas negras" e por pensar que poderia manchar a reputação dos países que fornecem capacetes azuis. Quatro países, Angola, Venezuela, Rússia e China apoiaram num primeiro tempo a proposta egípcia, mas acabaram por juntar-se ao campo adverso, a resolução acabando por ser votada com 14 votos favoráveis e uma abstenção do Egipto.

 

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