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Internacional

As revelações explosivas dos "Panamá Papers"

Vários responsáveis de todos os quadrantes, nomeadamente dirigentes políticos do mundo inteiro, são colocados em causa no chamado escândalo dos "Panamá Papers", uma fuga de mais de 11,5 milhões de páginas de documentos provenientes dos arquivos do gabinete jurídico do Panamenho Mossack Fonseca especializado na montagem de sociedades offshore.

Próximos do presidente russo Vladimir Putin são citados nos "Panamá Papers"
Próximos do presidente russo Vladimir Putin são citados nos "Panamá Papers" REUTERS/Mikhail Klimentyev/Sputnik/Kremlin
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Esta fuga de informações, a maior jamais ocorrida até agora, é uma autentica explosão e as suas revelações apenas agora estão a começar, já que nos próximos dias devem ser divulgadas mais informações. O alerta foi dado no inicio de 2015 ao jornal alemão "Suddeusche Zeitung", a análise das informações -documentos referentes a 214.500 entidades criadas entre 1977 e 2015 em cerca de 20 paraísos fiscais para clientes oriundos de 200 países tendo sido repartida por uns 370 jornalistas de publicações de uma centena de países, nomeadamente aqui em França, no "Le monde" ou em Portugal através do jornal "Expresso".

O que se sabe no imediato é que centenas de personalidades de relevo, tanto no domínio político, económico, desportivo, cultural bem como do mundo do crime, estarão implicados em esquemas de fuga ao fisco ou até de desvio de fundos através da criação de sociedades offshore -o que lhes garante uma total opacidade- recorrendo aos serviços do gabinete de Mossack Fonseca, uma figura poderosa do Panamá que até há um mês atrás era conselheiro do Presidente do seu país.

Entre as conhecidas personalidades citadas nessas primeiras revelações, destacam-se o realizador espanhol Pedro Almodóvar, o futebolista argentino Lionel Messi, o antigo vice-presidente da FIFA, Michel Platini ou ainda o actor chinês Jackie Chan. Contudo, para além do presumível envolvimento dos bancos UBS e HSBC nesse esquema, quem està também no olho do ciclone são dirigentes políticos e até dirigentes de Estados ainda em actividade.

De acordo com os "Panamá Papers", próximos do Presidente russo Vladimir Putin terão desviado cerca de 2 mil milhões de Dólares, o Kremlin tendo desde já denunciado "invenções" que visam "desestabilizar" o país. Segundo estas mesmas fontes, o presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, outrora magnata do mundo dos negócios, teria criado em 2014 uma sociedade offshore para fugir ao fisco. Os presidentes da China, da África do Sul e do Congo Brazzaville teriam igualmente membros da sua família envolvidos na criação de sociedades offshore. Denis Christel Sassou Nguesso, filho do presidente congolês, terá recorrido aos serviços de Mossack Fonseca na década de 90 para criar uma sociedade nas Ilhas Virgens Britânicas. Um sobrinho do presidente Zuma é também citado nestes ficheiros, assim como familiares dos primeiros-ministros do Paquistão, da Grã-Bretanha e da Islândia, este último já tendo excluído uma hipotética demissão.

Nos próximos dias, devem chegar mais revelações nomeadamente no que diz respeito à França. O programa televisivo francês "Cash Investigation" promete dar mais informações esta terça-feira sobre o antigo ministro Jerôme Cahuzac e o deputado republicano Patrick Balkany, ambos já citados no passado em casos de irregularidades com o fisco, mas igualmente sobre um importante partido político. Perante este cenário, o Estado francês já deu conta da sua intenção de investigar e dar seguimento judicial aos dossiers referentes às personalidades e entidades ligadas à França.

 

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