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Iémen

Iémen "a guerra esquecida"

 São diários os bombardeamentos no Iémen, onde o conflito se agudiza opondo os rebeldes hutis apoiados pelo Irão xiita, às tropas governamentais apoiadas pela Arábia Saudita sunita.  

Iémen: bairro de Sanaa bombardeado 10/10/2016
Iémen: bairro de Sanaa bombardeado 10/10/2016 Reuters
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A Aràbia Saudita foi acusada pelo ataque sábado (8/10) que causou a morte de mais de 140 pessoas e cerca de 500 feridos, durante uma cerimónia fúnebre de um líder xiita huti na capital iemenita Sanna, controlada pelos rebeldes xiitas hutis, também conhecidos por Ansar Allah ou partidários de Alá em tradução livre, que seguem uma corrente do Islão conhecida como zaidismo.

Os zaidistas constituem cerca de um terço da população e controlam o norte do Iémen, enquanto no sul há veleidades separatistas e ataques frequentes reivindicados pelos terroristas da Al Quaeda na Península Arábica.

A guerra civil que assola este pequeno país há 19 meses é fomentada por lutas de poder entre facções tribais e militares e opõe os rebeldes xiitas hutis apoiados pelo Irão xiita e pelo antigo Presidente Ali Abdalah Saleh deposto em 2011 (após mais de 30 anos no poder) às tropas governamentais do Presidente Abd Rabbo Mansour Hadi no poder desde 2012 e apoiado pela ONU e pela coligação liderada pela Arábia Saudita de maioria sunita.

Segundo a ONU desde a intervenção da coligação no Iémen em Março de 2015, este conflito provocou mais de 6.700 mortos, sendo cerca de metade civis.

A ONU exigiu a criação de um orgão independente para investigar as violações dos direitos humanos no Iémen e os Estados Unidos, aliados da Arábia Saudita, apelaram à cessação imediata das hostilidades e ameaçaram rever o seu apoio à coligação, o que na prática impediria a sua continuidade e poderia deteriorar as relações entre estes dois actores determinantes nesta região do mundo.

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Manuel João Ramos, investigador no ISCTE-Lisboa

A estabilidade no Iémen é uma prioridade para os Estados Unidos e seus aliados do Golfo Pérsico, devido à posição estratégica do país, vizinho da Arábia Saudita o maior produtor mundial de petróleo e "banhado pelas águas do Mar Vermelho por onde transita 40% do trófego marítimo mundial", como refere o antropólogo português Manuel João Ramos investigador no ISCTE em Lisboa e especialista do Corno de África, para quem o conflito que assola o Iémen "é uma guerra esquecida...cuja resolução não interessa a niguém".

Manuel João Ramos admite que a origem deste conflito é "étnico-religiosa" mas alimentada por factores internos e externos, considerando que "os Estados Unidos, vão continuar a apoiar a Arábia Saudita, provavelmente com menos visibilidade...e um reposicionamento da sua ajuda à coligação anti-huti".

Com em pano de fundo a intervenção russo iraniana na Síria e em particular em Alepo, onde a morte de civis foi considerada "crimes de guerra" pela ONU e Estados Unidos, a posição norte americana em relação ao Iémen é embaraçosa, admite este investigador.

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