Suspeito de ataque de Berlim alvo de mandado de captura
As autoridades alemãs emitiram um mandado de captura no espaço Schengen para o suspeito do autor do atentado de segunda-feira num mercado de Natal, em Berlim. O indivíduo foi identificado e já era suspeito de estar a preparar um ataque.
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De acordo com um dirigente da região da Renânia, Ralf Jäger, o suspeito agora oficialmente procurado já estava na mira das autoridades desde novembro por suspeitas de preparação de um atentado. O responsável indicou que a polícia judiciária desta região – onde o indivíduo viveu este ano - tinha aberto uma investigação junto da Procuradoria Federal Alemã devido “a suspeitas de preparação de um acto criminoso grave, representando um perigo para o Estado” (uma terminologia utiizada pela justiça alemã para qualificar atentados ou projectos de atentados).
Hoje, as autoridades alemãs confirmaram que procuram um tunisino suspeito de ter perpetrado o atentado na segunda-feira num mercado de Natal, em Berlim. “Há um novo suspeito, procuramos esse suspeito”, declarou à imprensa o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, acrescentando que foi emitido um mandado de captura “para a Alemanha mas também para o espaço Schengen, ou seja, para a Europa”.
A procuradoria anti-terrorista alemã identificou o suspeito como Anis Amri, um cidadão tunisino de 24 anos, de 1m78 e 75 quilos. "Poderá ser perigoso e estar armado", indica a procuradoria, em comunicado, adiantando que foi emitido um mandado de captura e que há uma recompensa de 100.000 euros.
Por outro lado, houve deputados a confirmar tratar-se de um cidadão tunisino, de 21 a 23 anos, como afirmava a imprensa alemã. O indivíduo teria chegado à Alemanha “na altura da crise dos refugiados”, indicou o deputado Stephan Meyer, em referência à entrada de 900.000 migrantes na Alemanha em 2015 e 300.000 este ano. De notar que este deputado integra a CSU, a ala direita da família política de Angela Merkel que a critica há meses pelo acolhimento de refugiados.
A polícia teria identificado o suspeito graças a um documento de identidade encontrado na cabina do camião que matou 12 pessoas na segunda-feira à noite, ao abalroar deliberadamente a multidão num mercado de Natal, em Berlim. Um outro deputado indicou que foi encontrado o “porta-moedas” do suspeito mas que a polícia não podia confirmar se quem estava no camião era a mesma pessoa.
Atentado reivindicado pelo autodenominado Estado Islâmico
Na terça-feira à noite, foi libertado o paquistanês requerente de asilo que tinha sido detido como suspeito, pouco depois do atentado. O seu ADN não coincidia com o que foi encontrado no camião.
Também ontem, o autodenominado Estado Islâmico reivindicou o ataque da Breitscheidplatz, em comunicado publicado na Amaq, a agência de propaganda da organização terrorista. "Um soldado do EI cometeu a operação de Berlim em resposta aos apelos para visar os cidadãos dos países da coligação internacional", indicava o documento.
O camião abalroou a multidão que visitava o mercado de Natal, em pleno centro de Berlim. Doze pessoas morreram, 48 estão feridas, incluindo 18 em estado grave.
O veículo pertencia a uma empresa de transportes polaca e o condutor habitual do veículo, de nacionalidade polaca, foi encontrado morto lá dentro, com sinais de ter tentado lutar contra o autor do atentado.
O "modus operandi" do ataque faz lembrar o atentado de Nice de 14 de Julho, que fez 86 mortos e foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Um camião conduzido pelo tunisino Mohamed Lahouaiej Bouhlel tinha atropelado a multidão que tinha ido assistir ao fogo de artifício da festa nacional francesa.
Reportagem de António Cascais, em Berlim
O correspondente da RFI em Berlim, António Cascais, explica, precisamente, que foi encontrado um certificado alemão que permite a permanência de um estrangeiro no país, apesar não ter obtido asilo, com o nome de Anis A. Soube-se ainda que o suspeito terá usado vários documentos com 4 diferentes nomes e datas de nascimento.
As forças de segurança alemãs detiveram hoje várias pessoas relacionadas com o ataque reivindicado pelo Estado Islâmico, embora a polícia acredite que nenhuma delas seja o assassino.
Enquanto a polícia alemã continua à procura dos autores do atentado, os dirigentes políticos tentam gerir a situação da melhor forma, evitando perder credibilidade a poucos meses das próximas eleições. Angela Merkel, chefe do governo, disse à imprensa: “Neste momento difícil, os meus pensamentos estão com as vítimas, com os seus familiares e com os seus amigos mais próximos.”
O presidente Joachim Gauck também falou aos jornalistas: "Nós permanecemos unidos, na Alemanha e na Europa e em toda a parte do mundo, onde há pessoas que vivem e querem com viver em paz."
António Cascais, Berlim
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