Paris capital de luta contra a SIDA
Paris transforma-se até quarta-feira na capital da luta contra a SIDA. A conferência internacional de investigadores arranca este domingo no Palácio dos Congressos.
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Em Paris estão reunidos 6000 especialistas que vão, nos próximos dias, fazer um ponto da situação quanto ao estado das investigações na lutar contra o vírus HIV, esperando alcançar a erradicação ou uma vacina.
Os organizadores da conferência publicaram antes do encontro, que decorre no Palácio dos Congressos até quarta-feira, uma "Declaração de Paris" para exprimir as suas preocupações; "não se consegue erradicar o HIV sem investigação e a investigação não se faz sem investimento a longo termo", lê-se na declaração.
Os Estados Unidos são historicamente o maior investidor financeiro na luta contra o HIV, e mais: são responsáveis por mais de dois terços de financiamento internacional.
Em 2016, os EUA gastaram 4,9 mil milhões de dólares para controlar programas contra o vírus, muito mais do que o Reino Unido (645,6 milhões) e a França (242,4 milhões).
Mas o Presidente Donald Trump propõe reduzir a despesa no orçamento de 2018, actualmente em discussão no Congresso, para um total estimado em mais de um bilhão de dólares pelo Health Gap, ONG norte-americana.
É preciso "reduzir o financiamento de vários programas de saúde, alguns dos quais dizem respeito ao HIV. Outros doadores devem aumentar as suas contribuições", escreveu o inquilino da Casa Branca em Maio quando apresentou um projecto de orçamento.
Se aprovados, estes cortes vão privar 830.000 pacientes, na sua maioria africanos de terapia anti-retroviral, tratamentos que impedem o desenvolvimento do vírus, avança a ONG Kaiser Family Foundation.
Outra questão sem resposta é o orçamento para a PEPFAR, o programa lançado em 2003 por George W. Bush, que permite que mais de 12 milhões de pacientes infectados pelo vírus beneficiem de terapia anti-retroviral. "Não se trata de um simples risco de uma desaceleração na luta contra a SIDA: estes cortes poderiam causar uma reviravolta real a partir do progresso que fizemos", insiste a investigadora sul-africana Linda-Gail Bekker, presidente internacional da AIDS Society, para quem isso seria uma "tragédia".
Desde 2005, o número de mortes relacionadas com a SIDA foi reduzido para metade no mundo (um milhão em 2016), anunciou quinta-feira ONU/SIDA, o programa de coordenação das Nações Unidas.
No ano passado, houve registos de 36,7 milhões de pessoas infectadas com HIV e mais de metade (19,5) tiveram acesso a tratamentos.
Em 2016, 19,1 mil milhões de dólares foram reunidos por doadores públicos e privados em todo o mundo na luta contra o vírus. E seria necessário chegar-se a 26,2 mil milhões para ter a certeza de alcançar a meta de 2020 definida pela ONU, meta que prevê que 90% das pessoas infectadas possam ter acesso a tratamentos.
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