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Turquia / Imprensa

Turquia: Jornalistas e a liberdade de imprensa na barra do tribunal

Começou hoje, em Istambul, o julgamento de dezassete jornalistas e directores do diário Cumhuriyet, um dos mais antigos da Turquia, e próximo da oposição, acusados de militarem em organizações terroristas armadas, nomeadamente a confraria de Fetullah Gulen, que o Governo acusa estar por trás do falhado Golpe de Estado há um ano, e o grupo separatista curdo PKK.

O diário «Cumhuriyet», edição de 17 de Abril de 2017. O processo dos jornalistas do «Cumhuriyet», detidos por "apoio a grupos terroristas", abriu em Istambul, hoje, dia 24 de Julho de 2017.
O diário «Cumhuriyet», edição de 17 de Abril de 2017. O processo dos jornalistas do «Cumhuriyet», detidos por "apoio a grupos terroristas", abriu em Istambul, hoje, dia 24 de Julho de 2017. YASIN AKGUL / AFP
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Entre os acusados estão Can Dundar, o ex-editor principal do jornal, e um dos mais conhecidos jornalistas turcos, os respeitados colunistas Ahmet Şık e Kadri Gürsel, e o cartoonista Musa Kart.

Onze dos acusados estão detidos há precisamente 257 dias, enquanto os outros estão em liberdade condicional, ou exilados no estrangeiro. Os jornalistas enfrentam penas que vão de 7 anos e meio até 43 anos de prisão.

A justiça turca acusa os jornalistas de traição, e de conspirarem contra o Estado turco com membros da organização gulenista, em parte devido a vários artigos publicados em 2014, que desmascararam o envio de armas dos serviços secretos turcos para grupos rebeldes que lutam na guerra na vizinha Síria.

Os jornalistas foram detidos ao abrigo do estado de emergência, em vigor há praticamente um ano, e que permite e detenção de suspeitos por tempo indeterminado e limita o seu acesso a advogados.

Desde a detenção dos jornalistas que o diário Cumhuriyet continua a manter as suas colunas, com um espaço em branco, como forma de protesto contra a sua detenção. Nas suas alegações, hoje no tribunal, Kadri Gürsel disse que “estou aqui não porque ajudei uma organização terrorista, mas sim porque sou um jornalista independente, que investiga e questiona”.

A generalidade dos observadores considera que o processo é uma tentativa de silenciar o diário – que sempre foi crítico do presidente Recep Tayyip Erdogan. O presidente turco tem utilizado o regime de excepção na sequência do golpe para afastar opositores, numa enorme purga que ainda decorre, e que está a destruir o Estado de Direito e os fundamentos democráticos da Turquia. De acordo com a associação turca de jornalistas, há 159 colegas de profissão detidos por crimes de opinião.

Durante a primeira audiência do julgamento centenas de jornalistas, activistas dos direitos humanos, advogados e simples cidadãos concentraram-se em frente ao tribunal de Çağlayan, em Istambul, a pedir simplesmente “Justiça!”.

Oiça aqui o correspondente da RFI, José Pedro Tavares, em Ancara

01:56

Correspondência de Ancara

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