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Mundo

Qual o caminho para a Catalunha ?

Declarar a independência da Catalunha ou renunciar para manter a porta aberta ao diálogo? Este é o dilema do presidente regional Carles Puigdemont que está a deixar a Espanha com expectativas, esta que representa a pior crise política do país das últimas décadas.

Manifestantes espanhóis
Manifestantes espanhóis REUTERS/Vincent West
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Esta terça-feira, a polícia fechou ao público o Parque de la Ciutadella, onde se situa o Parlamento regional da Catalunha, uma medida de segurança no dia em que o presidente catalão, Carles Puigdemont, poderá declarar a independência da Catalunha.

"Por motivos de segurança, o Parque de la Ciutadella estará fechado ao público durante o dia de hoje", informou a polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra, através do Twitter.

A partir das 16h00 (TMG), Carles Puigdemont estará no Parlamento regional pela primeira vez desde o referendo de dia 1 de Outubro, referendo proibido pela justiça, e no qual seu governo atribuiu a vitória aos independentistas, apesar do reduzida taxa de participação.

O teor do discurso permanece uma incógnita: inicialmente o presidente regional da Catalunha prometeu declarar a independência como ponto máximo da escalada com o governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy, mas as pressões nacionais e internacionais, assim como a incerteza económica, podem mudar a postura do presidente catalão (Generalitat), que procura alcançar uma mediação internacional para resolver o conflito.

O Presidente do Governo Regional catalão, Carles Puigdemont, já disse que sem diálogo irá aplicar o que diz a lei catalã do referendo, isto é, a declaração da independência unilateral da região. O certo é que um entendimento entre Mariano Rajoy e Puigdemont parece cada vez mais difícil.

O que está em jogo é o futuro de um território estratégico para a Espanha, com uma superfície equivalente ao tamanho da Bélgica, com 16% da população do país e responsável por 19% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

"Se este senhor declarar de forma unilateral a independência, teremos que adoptar outras medidas", advertiu ontem a vice-presidente do governo central, Soraya Sáenz de Santamaría.

Hoje, o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, afirmou que o governo espanhol conta com o apoio da União Europeia para responder ao desafio da Catalunha;"isto não é um tema de independência sim, independência não. Isto é um tema de rebelião contra o Estado de direito e o Estado de direito é a base não apenas da convivência na Espanha, mas também da convivência na Europa", declarou De Guindos.

Em cima da mesa está a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola que prevê a suspensão do governo autónomo da Catalunha, restaurado depois da ditadura de Francisco Franco (1939-1975), ou inclusive decretar um estado de emergência na região.

Os apelos a um diálogo proliferam pela Catalunha, Espanha e Europa, antes de se prever um choque institucional que poderá acentuar a divisão na sociedade catalã, que se encontra profundamente fragmentada.

"Não podemos permitir por em risco a coesão social e as instituições catalãs", afirmou ontem a presidente da Câmara Municipal de Barcelona, a esquerdista Ada Colau, que pediu a Puigdemont que não declare a independência.

O referendo de 1 de Outubro, marcado pela violência policial para impedir a votação em determinados locais, teve participação de apenas 43% dos 5,3 milhões de eleitores potenciais, dos quais cerca de 90% votaram a favor da secessão.

No entanto, existem muitos catalães contra a independência, que protestaram no domingo nas ruas de Barcelona, optaram pela abstenção na consulta que consideravam ilegítima e sem garantias de neutralidade.

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