México encerra campanha eleitoral violenta
A faltarem dois dias para as eleições presidenciais, o número de políticos assassinados no país continua a aumentar. Esta quarta-feira subiram para 130 os assassínios ocorridos durante a campanha para as eleições de domingo. Apesar deste contexto, nenhum dos candidatos parece ter um plano convincente para acabar com a violência.
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Cansados da corrupção e da violência, os mexicanos votam este domingo em eleições consideradas históricas, nas quais Andrés Manuel López Obrador ( de esquerda) se apresenta como favorito, deixando para trás os candidatos de partidos tradicionais, que governaram durante quase um século, como descreve Frederico Abrantes, empresário português residente na Cidade do México.
Frederico Abrantes, empresário português residente na Cidade do México
No encerramento de sua campanha na quarta-feira, López Obrador prometeu uma "transformação pacífica e ordenada".
"O principal problema do México é a corrupção. Esta é a principal causa de desigualdade económica, a corrupção deflagrou a insegurança", declarou o candidato.
Num ambiente festivo, a palavra que mais se ouviu foi "mudança", com um entusiasmo desdobrado dos mexicanos após a classificação da selecção mexicana para os oitavos-de-final no Mundial da Rússia.
O principal adversário de López Obrador é Ricardo Anaya, 39 anos. Apoiado por uma aliança de forças da esquerda e da direita, é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, mas nega as denúncias.
José Meade também disse adeus à campanha presidencial. No último comício, o candidato centrista agradeceu aos apoiantes e despediu-se da campanha eleitoral com confiança, apesar de ser apontado como o menos favorito dos quatro candidatos.
O mandato do actual presidente Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que governou ininterruptamente de 1929 a 2000, foi marcado por reformas e por vários escândalos de corrupção e de violações dos direitos humanos, apesar das promessas de transparência.
Se as sondagens se confirmarem, os desafios de López Obrador serão grandes: além de combater a corrupção, deverá cumprir a promessa de "colocar no lugar" o presidente americano, Donald Trump, que ameaçou acabar com o Tratado de Comércio Livre com o México, pelo facto de o país não ser suficientemente duro com a imigração irregular.
Populismo
Os adversários e críticos advertem que um governo de AMLO seria "populista como o de Hugo Chávez" na Venezuela. Nas últimas semanas, López Obrador e seus assessores apresentaram propostas radicais em temas-chave para a economia do país.
Para provar as suas intenções, o esquerdista prometeu que vai receber "metade do salário" de Peña Nieto e assegurou que não vai morar na residência Los Pinos, nem viajará no avião presidencial.
Uma vitória de AMLO ditaria por completo o tabuleiro político mexicano, que desde 1988 gira à volta de três formações: o PRI, o PAN, como principal opositor do centro direita e o Partido da Revolução Democrática (PRD), que conseguiu juntar apoios no centro esquerda.
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