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Grã-Bretanha

Demissões de dois pesos pesados do governo britânico

No espaço de 24 horas, o governo britânico perdeu dois pesos pesados. Ontem à noite, David Davis, o Ministro responsável pela negociação da saída da Grã-Bretanha da União Europeia, anunciou a sua demissão, sendo imediatamente substituído pelo antigo titular da habitação, Dominic Raab, e nesta Segunda-feira à tarde, foi a vez de outro eurocéptico notório, Boris Johnson, se demitir do seu cargo de chefe da diplomacia britânica.

A Primeira-Ministra britânica Theresa May perante os parlamentares nesta Segunda-feira 9 de Julho.
A Primeira-Ministra britânica Theresa May perante os parlamentares nesta Segunda-feira 9 de Julho. HO / PRU / AFP
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Estas demissões acontecem no momento em que a Primeira-Ministra britânica começou a apresentar esta Segunda-feira aos parlamentares o seu plano para o Brexit, um plano que foi discutido entre Theresa May e os seus ministros na Sexta-feira e que foi, pelo menos provisoriamente, objecto de algum consenso.

De acordo com esta proposta, tratar-se-ia de um "Brexit soft" em que a Grã-Bretanha conservaria elos económicos fortes com a União Europeia através de uma zona de comércio-livre. Contudo, o anunciado "consenso" estalou rapidamente com os porta-vozes da linha dura, David Davis e Boris Johnson, a manifestarem o seu descontentamento e criticarem as "demasiadas cedências" consentidas por May aos parceiros europeus.

Mas se ontem David Davis desistiu do seu cargo governamental mencionando que mantém contudo a sua confiança na liderança de Theresa May, a agenda de Boris Johnson poderia ser outra, à luz de todos os ataques que não tem cessado de lançar contra a Primeira-Ministra desde que foi nomeado para o pelouro dos Negócios Estrangeiros, na senda da vitória do campo do Brexit em Junho de 2016. Johnson é pressentido como potencial sucessor de May, no caso de esta última perder a confiança dos parlamentares.

Aumenta por conseguinte a pressão sobre Theresa May a poucos meses da entrada em vigor do Brexit a partir do 29 de Março de 2019. Para além das fortes oposições que encontra no seu próprio campo, a chefe do governo britânico tem que lidar com a crescente impaciência dos 27. Ainda hoje, a Comissão Europeia, que tem multiplicado as exortações à apresentação de um plano claro por parte de Londres, disse que apesar da demissão de David Davis, "continua disposta a negociar".

Ao referir não estar surpreendido com as demissões no seio do governo britânico, André Barrinha, professor na Universidade de Bath, no Reino Unido, antevê mais braços-de-ferro para os próximos dias.

09:55

André Barrinha, professor da Universidade de Canterbury

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