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Paquistão

Paquistão dividido com "caso Asia Bibi"

O primeiro-ministro paquistanês regressou hoje ao seu país de mãos vazias de uma deslocação de 4 dias à China onde esperava obter apoio financeiro numa altura em que o Paquistão está praticamente à beira da bancarrota. Ele reencontra um país em tensão extrema em torno da situação de Asia Bibi, cristã cuja libertação foi ordenada pela justiça na semana passada, após oito anos no corredor da morte sob a acusação de blasfémia.

O primeiro-ministro paquistanês Imran Khan tem em mãos um país dividido e à beira da bancarrota.
O primeiro-ministro paquistanês Imran Khan tem em mãos um país dividido e à beira da bancarrota. REUTERS/Athit Perawongmetha
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A 31 de Outubro, Asia Bibi, uma camponesa cristã presa e condenada à morte em 2010 sob a acusação de blasfémia, foi considerada inocente pela justiça do seu país que ordenou a sua libertação imediata.

Este veredicto, num país onde a blasfémia é um assunto levado a sério, despoletou uma onda de revolta entre os islamistas radicais, nomeadamente o TLP, Tehreek-e-Labaik Pakistan, partido que se construiu precisamente em torno dessa questão. A violência das reacções foi de tal ordem, com ameaças de morte contra Asia Bibi e os juízes que ordenaram a sua libertação, que o primeiro-ministro, apelou firmemente ao respeito pelo veredicto da justiça.

Contudo ao fim de três dias de bloqueio, o primeiro-ministro acabou por ceder e assinou um acordo com os manifestantes em que se compromete a proibir Asia Bibi de abandonar o país, o que a obriga nos factos a permanecer em residência vigiada, o governo tendo igualmente garantido que não vai bloquear um requerimento para a revisão do julgamento da interessada.

Este volte-face do chefe do governo paquistanês, no poder desde meados de Agosto, não é a primeira cedência feita às franjas radicais do seu país, uma vez que em Setembro sob a pressão do TLP tinha renunciado à nomeação de um conselheiro económico pertencente a uma minoria perseguida no Paquistão.

Criticado por este novo recuo face aos islamistas que prometiam "a guerra civil", o governo defendeu hoje o acordo, argumentando que tinha impedido mais violência. A própria primeira mulher do primeiro-ministro, a produtora Jemima Khan, considerou que ele tinha assinado o "decreto de morte de Asia Bibi".

Este fim-de-semana, o marido de Asia Bibi reclamou o asilo para a sua família, na Grã-Bretanha, Estados unidos ou no Canada para evitar a morte. O próprio advogado de Asia Bibi, declarou hoje na cidade Haia, na Holanda, ter fugido "contra a sua vontade", a ONU e a União Europeia temendo pela sua segurança face à ira dos islamistas radicais.

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