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França

Vésperas do acto IV da mobilização dos "Coletes Amarelos"

A França prepara-se para uma nova jornada de acção este sábado dos "Coletes Amarelos" que, tal como vem sendo o caso desde há quase um mês, protestam contra o aumento do custo de vida. Perante o receio de que as manifestações de amanhã possam resvalar para a violência, o governo tomou medidas, tendo sido anunciada ontem à noite a mobilização de um total de 89 mil homens.

Janelas protegidas na Avenida Kléber, perto dos Campos Elísios em Paris, onde houve os maiores estragos na semana passada.
Janelas protegidas na Avenida Kléber, perto dos Campos Elísios em Paris, onde houve os maiores estragos na semana passada. RFI/Liliana Henriques
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Já se antecipa que todo o país vá estar bloqueado, sendo que o epicentro desta crise, a capital, tem vivido o dia de hoje como se fosse a véspera de uma batalha. As imediações dos Campos Elísios onde se concentraram os incidentes da semana passada, preparam-se para eventuais novos distúrbios tapando janelas, paredes e montras com painéis de madeira.

Desde ontem, os principais monumentos e museus de Paris, como a Torre Eiffel ou o Museu do Louvre indicam que vão estar encerrados neste sábado. Os grandes armazéns habitualmente cheios no período que antecede o Natal, também vão manter as suas portas fechadas. Jogos de futebol e espectáculos estão a ser cancelados e a "Grande Marcha pelo Clima" de amanhã vai ter de desviar a sua rota.

Sobretudo, as próprias autoridades estão de sobreaviso. Ontem à noite, na televisão, o Primeiro-Ministro Edouard Philippe disse tomar em consideração as reivindicações dos "Coletes Amarelos" mas também anunciou um dispositivo de segurança excepcional de 89 mil homens dispersos por todo o país, sendo que haverá 8 mil somente para garantir a segurança em Paris. Neste sentido, Edouard Philippe falou na sua "grande determinação em garantir a segurança dos franceses, actuar de forma que as instituições, a segurança dos bens e das pessoas não sejam postas em causa". O resumo do dia de hoje, aqui.

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Crónica desta sexta-feira, antes de uma nova mobilização dos "Coletes Amarelos"

Neste âmbito, a tarde desta sexta-feira foi estudiosa, com reuniões dos membros do governo no intuito de elaborar respostas às reclamações dos manifestantes que até agora, apenas obtiveram o recuo do executivo, esta semana, sobre algumas medidas fiscais como o aumento das taxas sobre os combustíveis, a exigência inicial dos manifestantes, mas não a única.

Ao longo de três semanas de mobilização, perante o que interpretaram como sendo "desprezo" por parte do poder, os "Coletes Amarelos" elaboraram um vasto caderno reivindicativo do qual constam um pedido de actualização do ordenado mínimo, a sua indexação à taxa de inflação, ou ainda a proibição das deslocalizações das empresas, exigências para as quais ainda não houve resposta. Na óptica do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP), Carlos Vinhas Pereira, o poder não imaginou que o movimento ganhasse esta dimensão.

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Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, Carlos Vinhas Pereira, entrevistado por Lígia Anjos

Ao referir ter indicações de que a mobilização de amanhã poderia ser violenta, o poder não esconde o receio de que o movimento dos "Coletes Amarelos" possa ser recuperado pela extrema-direita ou a extrema-esquerda que desde o começo têm expressado o seu apoio aos manifestantes.

Através dos seus serviços de comunicação, o Presidente francês exortou na quarta-feira os sindicatos, partidos e entidades patronais a lançarem um apelo à calma. Nesse mesmo dia, em conselho de Ministros, manteve-se contudo firme na intenção de não voltar atrás na reforma efectuada em 2017 no ISF, Imposto Sobre a Fortuna, uma decisão que aos olhos dos "Coletes Amarelos" simboliza uma presidência alheia à situação das franjas mais humildes.

Mudo nos últimos dias, de acordo com o Eliseu, o Presidente da República deveria dirigir-se à Nação no começo da semana que vem.

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