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Venezuela

Guaidó iniciou 1.000 quilómetros de “provocação”

Na Venezuela, o opositor Juan Guaidó partiu, esta quinta-feira, de Caracas para a cidade colombiana de Cucuta, na fronteira, para fazer entrar na Venezuela a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos. Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela, sublinha que esta viagem simbólica de cerca de 1.000 quilómetros tem "alguma dose de provocação".

Juan Guaidó, líder da oposição na Venezuela. 20 de Fevereiro de 2019.
Juan Guaidó, líder da oposição na Venezuela. 20 de Fevereiro de 2019. Federico Parra / AFP
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Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela a 23 de Janeiro e reconhecido por cerca de 50 países, deixou hoje Caracas em direcção à cidade colombiana de Cucuta. O seu objectivo é fazer entrar na Venezuela a ajuda humanitária aí estacionada, enviada pelos Estados Unidos e que o presidente Nicolás Maduro rejeitou.

O líder da oposição integrou uma caravana de uma dezena de veículos que deve percorrer os cerca de 1.000 quilómetros que separam Caracas da fronteira com a Colômbia. Uma viagem com intuitos humanitários mas também com “alguma dose de provocação”, na opinião de Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela.

De Caracas até à fronteira estamos a falar de quase 1.000 quilómetros de distância. As vias não são muito boas aqui na Venezuela e é pouco provável que ele possa chegar por via terrestre até lá porque vai haver muitos pontos de controlo, vão-lhe pôr muitos obstáculos e vão-lhe dificultar a chegada lá porque, no fundo, esta ida para a fronteira não deixa de ter alguma dose de provocação”, considerou Fernando Campos.

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Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela

Na quarta-feira, Nicolás Maduro voltou a denunciar a iniciativa como um “show político” e repetiu que o presidente norte-americano, Donald Trump, está a preparar uma intervenção militar para o tirar do poder: “Eles inventaram uma suposta ajuda humanitária com comida podre, cancerígena e querem fazê-la entrar à força”, afirmou.

Fernando Campos vê esta nova afirmação com incredulidade: “Sou-lhe muito sincero. Eu não acredito nisso. Quem é que vai acreditar numa coisa dessas? Como é que se lembraram que eles iam mandar comida contaminada?

O português acrescentou que este tipo de argumentos está a descredibilizar Nicolás Maduro até junto dos que o apoiavam.

A atitude do povo venezuelano – e quando falo do povo venezuelano falo do extracto mais baixo que era aquele que mais apoiava Nicolas Maduro – eu penso que a atitude da população mudou muito. A grande maioria das pessoas já não acredita nessas histórias”, acrescentou.

Nicolás Maduro, apoiado a nível internacional pela China e pela Rússia, prometeu impedir a entrada da ajuda humanitária na Venezuela e conta com o apoio do exército. Entretanto, um assessor militar adjunto da Venezuela junto da ONU, Pedro Chirinos, declarou, na quarta-feira, que reconhece Juan Guaidó como presidente interino. Esta semana, Juan Guaidó reiterou o apelo ao exército para se juntar a ele.

Para Fernando Campos, no “seio das Forças Armadas deve haver muitas vozes dissidentes” e “numa possível situação de confronto, as Forças Armadas não vão contra o povo”.

Juan Guaidó quer fazer entrar a ajuda humanitária na Venezuela no próximo sábado, precisamente um mês depois de se ter autoproclamado presidente interino do país.

Para sexta-feira, estão previstos dois concertos: o "Venezuela Aid Live", em Cucutá, organizado pelo milionário britânico Richard Branson, e "Hand off Venezuela", organizado pelo governo de Nicolas Maduro. O primeiro pretende apoiar a entrada da ajuda humanitária na Venezuela e o segundo quer granjear apoio contra essa iniciativa.

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