Protestos contra recandidatura de Bouteflika
Apesar dos protestos, o Presidente argelino que não fala em público há sete anos é candidato a um quinto mandato.
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Para fazer frente às manifestações levantadas nas ruas argelinas, Abdelaziz Bouteflika diz que sairá dentro de um ano se chegar a um quinto mandato.
Depois de uma noite de protestos contra a recandidatura do Presidente Abdelaziz Bouteflika, os argelinos travaram os protestos esta segunda-feira.
Ainda assim, os manifestantes não foram dissuadidos pela promessa de Bouteflika de que, se for eleito, organizará eleições antecipadas e não terminará um quinto mandato.
Ontem à noite, centenas de jovens tomaram as ruas de Argel e de outras cidades - sem incidentes graves - gritaram palavras de ordem como "não ao quinto mandato!" ou "fora Bouteflika".
Esta segunda-feira, os argelinos saíram para trabalhar, mas anunciaram que vão participar nos protestos agendados para sexta-feira. As duas últimas sextas-feiras foram marcadas por grandes protestos.
Fisicamente debilitado por um acidente vascular cerebral em 2013, que lhe causou uma grande perda de mobilidade, Bouteflika deve, a menos que haja uma surpresa inesperada, ver sua candidatura ser validada pelo Conselho Constitucional.
O Conselho é composto de pessoas leais ao chefe de Estado e deve decidir sobre a candidatura antes de 14 de Março, enquanto o retorno à Argélia de Bouteflika, hospitalizado na Suíça há mais de uma semana para "exames médicos periódicos", ainda não foi anunciado.
Vinte candidaturas foram apresentadas dentro do prazo estipulado, segundo a assessoria de imprensa oficial da APS, sem citar nomes. Na lista não aparece nenhum candidato de peso, os principais adversários de Bouteflika renunciaram.
O Presidente argelino tem a oportunidade de apaziguar extremismos populares aponta o especialista em assuntos do Norte de África, Raúl Braga Pires.
"Fica mal não sair à rua em protesto contra este quinto mandato e isso viu-se, claramente, de uma semana para a outra", descreve Raúl Braga Pires.
Os protestos começaram dia 22 de Fevereiro "com cerca de um milhão de pessoas a saíem à rua. Na última sexta-feira já havia cerca de três milhões. Esta espiral vai continuar e a única saída airosa que Bouteflika pode ter e a de substituição da sua candidatura pela do seu irmão mais novo. Sendo que isto vai levantar outras resistências dento do partido FNL e no país porque continua tudo na mão do clã Bouteflika".
Raúl Braga Pires, especialista em assuntos do Norte de África
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