Detenção de Julian Assange, fundador do WikiLeaks
Foi detido hoje na embaixada do Equador em Londres o australiano Julian Assange, 47 anos, fundador do WikiLeaks, portal internet que que lhe valeu nomeadamente a inimizade dos Estados Unidos embaraçados com a divulgação de documentos secretos há uma dezena de anos.
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Depois de sete anos refugiado na embaixada do Equador na capital da Grã-Bretanha, Julian Assange, foi hoje detido pela polícia britânica duas vezes. A primeira foi relativa a uma infracção por se ter recusado a ser extraditado em 2012 para a Suécia, onde era acusado de crimes sexuais num processo que entretanto prescreveu. Presente a um tribunal esta tarde, declarou-se inocente, mas foi considerado culpado de violação das condições da sua liberdade provisória e poderá passar até 12 meses na prisão.
A segunda detenção resultou de um pedido de extradição dos Estados Unidos por conspiração ao infiltrar-se nos sistemas informáticos do país, este processo podendo vir a prolongar-se durante muito mais tempo. Assange já tinha sido alertado para o risco de ser perseguido pelas autoridades norte-americanas devido ao mal-estar que causou nomeadamente quando publicou em 2010 milhares de documentos confidenciais, incluindo relatórios militares e telegramas diplomáticos relacionados com as acções dos americanos no Afeganistão e no Iraque.
Se for extraditado para os Estados Unidos, Assange poderia enfrentar acusações de espionagem passíveis de uma pena de prisão perpétua, uma eventualidade que deverá ser analisada numa próxima audiência no dia 2 de Maio mas que, desde já, Assange vai "contestar e combater", afirmou hoje a sua advogada Jennifer Robinson.
A detenção de Julian Assange está longe de fazer a unanimidade: o portal WikiLeaks acusou nas redes sociais o Equador de ter "ilegalmente posto fim ao asilo político concedido a Julian Assange, em violação do Direito Internacional" e de ter "convidado" a polícia britânica a entrar na sua embaixada. Também apoiantes de Assange, Moscovo acusou Londres de "estrangular a liberdade" e o antigo Presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou de "traidor" o seu sucessor, Lenin Moreno.
Durante vários anos, a WikiLeaks foi considerada um bastião da liberdade de expressão e ajudou a expor muitas injustiças. Mas nos últimos anos, Assange tornou-se num fugitivo. Herói ou justiceiro, acabou por ser preso porque, considerou a Primeira-ministra britânica, Theresa May, "ninguém está acima da lei". Mais pormenores com Bruno Manteigas.
Bruno Manteigas, correspondente da RFI em Londres
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