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Palestina

Conferência sobre Palestina sem palestinianos

Os Estados Unidos apresentam, esta terça e quarta-feira, no Bahrein, um plano económico para os territórios palestinianos. De fora da conferência estão os próprios palestinianos que boicotaram uma iniciativa económica sem solução política.

Protesto dos palestinianos contra fórum económico sobre a Palestina. 25 de Junho de 2019.
Protesto dos palestinianos contra fórum económico sobre a Palestina. 25 de Junho de 2019. Musa Al SHAER / AFP
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Os Estados Unidos co-organizam, esta terça e quarta-feira, em Manama, capital do Bahrein, uma conferência sobre a Palestina para apresentar um plano económico que vai integrar a proposta de paz de Donald Trump para o conflito israelo-palestiano.

A proposta ainda não foi revelada e, segundo autoridades americanas, não deverá mencionar a solução de "dois Estados", um israelita e outro palestiniano.

Para atingir a paz, Donald Trump, que reconheceu Jerusalém como capital de Israel, privilegia investimentos económicos em detrimento de uma solução política. O plano chama-se “Da paz à prosperidade” e foi apresentado pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner, também amigo da família do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Trata-se de um pacote de 50 mil milhões de dólares de investimentos internacionais nos territórios palestinianos e nos países árabes vizinhos, durante dez anos, visando projectos de infra-estruturas, educação, turismo, comércio e a criação de um milhão de empregos para os palestinianos sufocados pela crise económica.

A conferência foi boicotada pelos palestinianos que a vêm como uma tentativa de os comprar em troca da sua renúncia às aspirações de um Estado independente. O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, declarou que “não pode aceitar que a América transforme uma causa política numa causa económica”, lamentou que não haja qualquer referência à ocupação israelita e considerou que "o que Israel e os Estados Unidos estão a tentar fazer é normalizar suas relações com os árabes graças aos palestinianos". A Cisjordânia ocupada foi já ontem palco de protestos contra a conferência e, perto de Hebron, os manifestantes queimaram retratos de Trump e do rei do Bahrein.

O primeiro-ministro israelita disse que o boicote palestiniano é a prova que eles não querem a paz. Declarações feitas depois de ele ter falado, nos últimos meses, em anexar uma parte dos territórios ocupados, o que acabaria com as aspirações dos palestinianos de criaram o seu próprio Estado. Também o embaixador americano em Israel, David Friedman, já tinha dito que o seu país poderia aceitar a anexação e a administração Trump indicou que a parte política do plano poderá não fazer referência a um Estado palestiniano, ao contrário do que defendeu a diplomacia americana durante anos.

A maior parte dos líderes europeus escolheu não assistir à conferência, onde estarão essencialmente representantes dos estados do Golfo, os quais deverão financiar o plano se este for aplicado. A Jordânia e o Egipto, as duas únicas nações árabes que assinaram um acordo de paz com Israel, enviaram apenas diplomatas, assim como Marrocos. Também presentes estão o secretário do Tesouro americano, Steven Manuchin, e a directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.

Apesar da ausência dos palestinianos, os especialistas estimam que a conferência vai permitir à administração americana unir os estados do Golfo a Israel, aliado norte-americano, no âmbito de uma aliança anti-iraniana.

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