Nova Comissão Europeia enfrenta polémica
A nova presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, apresentou ontem publicamente a equipa com a qual pretende começar a trabalhar a partir do dia 1 de Novembro. A antiga ministra alemã da defesa, grande aliada da chanceler alemã Angela Merkel, enunciou pela mesma ocasião as linhas mestras pelas quais pretende pautar a sua presidência: “Quero que esta Comissão seja flexível, moderna e ágil. Quero presidir a um colégio de comissários empenhados, que compreendam o que se passa na Europa e ouçam o que é dito pelos cidadãos”.
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Todavia para além dos princípios enunciados, esta nova equipa que ainda deverá passar pelo crivo das audiências com os membros do Parlamento Europeu entre os dias 30 de Setembro e 8 de Outubro, está desde já a suscitar alguns questionamentos. Tal acontece em particular com o comissário grego Margaritis Schinas, antigo porta-voz da Comissão que, para além de passar a ser um dos vice-presidentes da Comissão Europeia, fica responsável das migrações e fronteiras, uma pasta que doravante ficou a ser denominada de "protecção do modo de vida europeu".
"O nosso modo de vida europeu, é agarrar-nos aos nossos valores. A beleza da dignidade de cada ser Humano é um dos valores mais preciosos" justificou Ursula von der Leyen perante o mal-estar provocado por esta mudança de designação que não deixou de ser interpretada à esquerda do hemiciclo como sendo uma concessão feita à extrema-direita.
"Esperamos que a Presidente von der Leyen não veja nenhuma contradição entre apoiar os refugiados e os valores europeus" reagiu uma das presidentes do grupo dos verdes no Parlamento Europeu, Ska Keller. Mais lapidar, o deputado britânico do grupo social-democrata Claude Moraes, considerou via twitter que uma pasta com esta designação "não pode existir". A ONG Amnistia Internacional também considerou que isto "transmite uma mensagem preocupante".
Manuel dos Santos, antigo eurodeputado socialista, também estranha esta nova denominação mas considera que as audiências com o Parlamento Europeu serão determinantes para perceber se isto traduz uma potencial inflexão na política migratória da Europa.
Antigo eurodeputado socialista, Manuel dos Santos
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