França: polícia em "marcha da revolta"
Milhares de polícias desceram hoje às ruas de Paris para efectuar o que chamam de "marcha da revolta", em protesto nomeadamente contra as suas condições de trabalho deficientes ou ainda a perspectiva de uma possível alteração do seu sistema específico de aposentações.
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Respondendo ao apelo de um leque alargado de sindicatos da classe, esta mobilização inédita em quase vinte anos no seio de uma profissão por essência pouco propensa a manifestar, acontece numa altura em que se têm acumulado vários sinais vermelhos.
Desde o início do ano, 49 polícias suicidaram-se. Apesar de o governo ter anunciado em Abril a criação de uma célula de prevenção, os sindicatos consideram que as medidas são insuficientes. Ainda em finais de Julho, no espaço de apenas uma semana, 5 agentes tiraram a própria vida.
Para além da falta de meios e quartéis em más condições, os agentes policiais têm acumulado nos últimos meses 23 milhões de horas extraordinárias ainda por pagar, designadamente devido à sua mobilização no âmbito das manifestações todos os Sábados dos "coletes amarelos" desde finais de 2018... um envelope de 300 milhões de Euros que o governo refere pretender pagar em parte até ao final do ano.
Noutro aspecto, a sua carga horária e sobretudo o seu ciclo de trabalho faz com que actualmente cada polícia beneficie de apenas um fim-de-semana de descanso em seis semanas, o que tem incidências sobre a sua vida pessoal. Neste âmbito, os sindicatos de classe pretendem obter modificações mais favoráveis nos ciclos de trabalho.
Somado a isto, numa altura em que o governo anuncia reformas no sistema de aposentações incluindo o sistema especifico dos policias, os sindicatos receiam que seja posto em causa o seu regime que actualmente prevê que, após 27 anos de serviço, um policia beneficie de bonificações, com a atribuição de um ano de cotização suplementar de 5 em 5 anos, no limite de 5 anuidades.
Ainda hoje, o ministro francês do interior Christophe Castaner confirmou ainda hoje que "haverá modificações no seu regime, à semelhança do que sucede com todos os franceses, mas será tomado em consideração o perigo inerente ao seu trabalho enquanto polícias". Declarações que não dissipam os receios dos sindicatos. Mais pormenores aqui.
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