Confrontos violentos em Lagos e morte de várias pessoas por forças de segurança
As Nações Unidas e a União Europeia condenaram hoje a brutalidade policial na Nigéria e exigiram a responsabilização dos autores da repressão de terça-feira, que causou vários feridos e mortos em Lagos. Reacções violentas esporádicas prosseguiram na quarta-feira em Lagos, através do incêndio de prédios e de confrontos esporádicos entre manifestantes e forças policiais.
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Testemunhas afirmaram que homens armados dispararam na terça-feira à noite contra uma multidão de cerca de mil pessoas em Lagos, para obrigá-la a dispersar, depois do recolher obrigatório decretado para pôr fim a vaga de protestos contra a brutalidade policial, assim como os profundos males sociais que afectam a população.
O tiroteio ocorrido na capital económica nigeriana desencadeou uma condenação por parte da comunidade internacional, enquanto o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, lançou um apelo à calma, sem fazer uma alusão directa aos incidentes de terça-feira.
O governador do Estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, tinha inicialmente rejeitado a existência de vítimas fatais, mas depois anunciou que as autoridades estavam a investigar sobre a morte de uma pessoa, provocada, segundo ele, por um traumatismo craniano.
Sanwo-Olu, acrescentou que 25 pessoas tinham sido feridas e que um inquérito será efectuado sobre a actuação dos militares e da polícia , no decurso dos violentos confrontos.
O exército nigeriano que recusou o pedido da agência France Presse para comentar os confrontos de terça-feira, desmentiu o envolvimento de militares no tiroteio, que marcou os incidentes.
Na quarta-feira, o centro de Lagos, cidade de 20 milhões de habitantes, estava deserto e as lojas fechadas, como consequência do recolher obrigatório.
Segundo jornalistas da AFP, no centro de Lagos alguns prédios estavam em chamas e militares patrulhavam as ruas.
De acordo também com Babajide Sanwo-Olu, os confrontos em Lagos, representam a noite mais difícil vivida pelo seu Estado, se considerarmos, na sua opinião, que as forças de segurança sob o seu controlo escreveram com notas sombrias uma página da sua história".
Segundo a organização não-governamental, Amnistia Internacional, pelos menos doze pessoas foram mortas pelos militares e as forças policiais, que dispararam na noite de terça-feira contra os manifestantes em Lagos.
Na origem dos protestos contra a brutalidade policial em Lagos, está a brigada FSARS ( Federal Special Anti-Robbery Squad) fundado em 1992 por Simeon Danladi Midenda, para lutar contra os roubos e a criminalidade associada aos mesmos.
De acordo com os seus detratores o esquadrão conhecido em Lagos pelo vulgo, SARS, à medida que os anos passavam tornou-se uma força de opressão dos habitantes do Estado, devido à sua brutalidade e métodos de extorsão.
O FSARS foi dissolvido em 2017 pelas autoridades nigerianas, mas segundo os manifestantes de Lagos, a brutalidade e a agressividade policiais idênticas às praticadas pelo esquadrão permaneceram.
Confrontos na Nigéria
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