Violentas manifestações no Chade provocam cerca de 50 mortos segundo o governo
Os confrontos de ontem entre manifestantes e forças da ordem em diferentes cidades nomeadamente em D'Djamena, a capital, mas também em Moundou, segunda cidade do país, provocaram cerca de 50 mortos e mais de 300 feridos, segundo o chefe do governo, Saleh Kebzabo. Uma situação perante a qual a comunidade internacional não deixou de reagir.
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Depois das manifestações de ontem, consideradas desde já como algumas das mais mortíferas dos últimos anos no Chade, foram inúmeras as reacções a nível internacional. A União Africana condenou o sucedido e apelou ao "respeito pelas vidas humanas e os bens". No mesmo sentido, a União Europeia lamentou "graves violações das liberdades de expressão e manifestação que enfraquecem o processo de transição em curso". A França, aliada-chave de N'Djamena, "condenou a violência e o uso de armas letais contra os manifestantes".
Efectivamente, tanto a Federação Internacional de Direitos Humanos como a Amnistia Internacional denunciaram o recurso à violência, detenções arbitrárias e a utilização pela polícia de balas reais contra os manifestantes.
Por seu lado, o chefe do governo, Saleh Kebzabo afirmou que os manifestantes estavam armados e que as forças da ordem apenas responderam às agressões e se defenderam. Ao denunciar uma tentativa de insurreição armada para tomar o poder, ele garantiu ainda que os responsáveis seriam levados perante a justiça.
Na sequência destes confrontos, o governo anunciou ainda um recolher obrigatório entre as 18 horas e as 6 horas "até ao restabelecimento total da ordem" nas cidades onde se deram os confrontos, bem como a suspensão de "toda e qualquer actividade pública dos partidos políticos e organizações da sociedade civil".
Esta medida visa designadamente a plataforma 'Wakit Tamma' e o partido dos 'Transformadores', os dois movimentos de oposição que convocaram as manifestações para protestar contra o prolongamento da transição política por mais dois anos. Uma decisão tomada no começo do mês no âmbito do Diálogo Nacional de Reconciliação, reunião boicotada por esses dois movimentos durante a qual se deu igualmente a possibilidade de concorrer às presidenciais ao actual líder do país, Mahamad Deby, que está instalado no poder há 18 meses desde a morte do pai, Idriss Deby, o anterior Presidente do país.
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