Chade: um ano depois da repressão
Ndjamena – Assinala-se a 20 de Outubro o primeiro aniversário da repressão às centenas de manifestantes que tinham saído às ruas de N'Djamena, para exigir eleições e a saída dos militares do poder.
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A marcha, proibida pelas autoridades, foi brutalmente reprimida, tendo sido mortas 73 pessoas segundo o governo, mais de 300 segundo os organizadores e 128 segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos.
As esquadras de polícia e as sedes dos partidos políticos foram também atacadas por manifestantes armados com pedras, paus e cocktails Molotov.
Centenas de pessoas foram deportadas para a prisão de alta segurança de Koro Toro, a mais de 600 km da capital, onde foram julgadas pela sua participação naquilo que o governo considerou ser uma "tentativa de insurreição", antes de serem perdoadas pelo Presidente da Transição, Mahamat Idriss Deby.
Entre eles, Stéphan Ngueto Djimrangar, um jovem poeta de 30 anos, desempregado e licenciado, como a maioria dos jovens da capital chadiana.
Este admirador de Che Guevara é um sobrevivente de Koro Toro que contou a Carol Valade a realidade da "prisão do deserto":
Para que os que venham depois de nós possam aprender o que de facto se passou. De que maneira fomos feitos prisioneiros, como vivíamos e, igualmente, quais eram as nossas aspirações.
Eles tiravam-nos da prisão, faziam-nos rolar por terra, em plena água suja, batiam-nos!... enfim. Estas roupas são compridas e largas para nos protegerem do frio. O contacto com estas roupas evoca-me memórias daquelas torturas que causaram a morte de vários dos nossos camaradas. A intenção da nossa manifestação era a reivindicação da mudança mas infelizmente ela não ocorreu.
Stéphan Ngueto Djimrangar, sobrevivente dos protestos de Ndjamena, audio de Carol Valade
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