Presidente alemão pede "perdão" pelos massacres na Tanzânia durante época colonial
O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier tem estado nestes últimos dias no continente africano numa digressão paralela às visitas que o chanceler alemao, Olaf Scholz acaba de fazer à Nigéria e ao Gana, no âmbito de uma operação de aproximação entre Berlim e África. Em deslocação desde ontem na Tanzânia, antiga colónia alemã, o Presidente Steinmeier pediu "perdão" pelas exacções cometidas pelo regime colonial alemão no começo do século passado naquele país.
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Durante uma visita hoje a Songea, local de um massacre cometido pelas forças coloniais alemãs no início do século XX, o chefe de Estado alemão pediu "perdão" pelas exacções cometidas durante esse período.
"Inclino-me perante as vítimas do regime colonial alemão. E, como Presidente alemão, gostaria de pedir perdão pelo que os alemães fizeram aqui aos vossos antepassados", disse Frank-Walter Steinmeier, de acordo com o texto de um discurso difundido pelos seus serviços na Alemanha.
"Seja quem for na Alemanha que saiba mais sobre a história colonial alemã deve estar horrorizado com a dimensão da crueldade" com a qual o país agiu, considerou o Presidente Steinmeier ao expressar "vergonha pelo que os soldados coloniais alemães fizeram aos antepassados" da comunidade perante a qual quais discursava, aludindo nomeadamente a Songea Mbano, um líder da rebelião na época, enforcado e decapitado pelos alemães com 66 dos seus combatentes.
Entre 1905 e 1907, segundo estimativas feitas por historiadores, as forças coloniais alemãs massacraram entre 200 mil e 300 mil representantes dos Mai-Mai após uma revolta destes últimos.
A visita à Tanzânia de Frank-Walter Steinmeier, cuja função segundo a Constituição alemã é essencialmente honorífica, acontece praticamente em paralelo com a visita efectuada pelo chanceler alemão à Nigéria e ao Gana.
Para além de se inserir numa iniciativa de aproximação política e económica do país a África, esta digressão também se insere num trabalho de memória em torno do passado colonial da Alemanha em países como Burundi, o Ruanda, a Tanzânia, a Namíbia e os Camarões.
As marcas deixadas pela presença alemã em África até à primeira guerra mundial foram ocultadas durante largos anos designadamente pelo legado da segunda guerra mundial e do Holocausto.
Contudo, nestas duas últimas décadas, o país tem vindo a reflectir sobre esse período. Neste sentido, a Alemanha procedeu à restituição de ossadas de membros das tribos Herero e Nama na Namíbia, colonizada de 1884 a 1915, onde em 2021 reconheceu ter cometido um "genocídio".
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