Senegal: campanha mobilizou, desistências não devem mudar muito
Dacar – Encerra a 22 de Março a campanha rumo à primeira volta das eleições presidenciais deste domingo. Fora da corrida ficam 2 candidatos que entretanto desistiram, num total à partida de 19. O candidato do poder, Amadou Ba, e Bassirou Domaye Faye, do opositor Ousmane Sonko, são tidos como os pesos pesados da competição.
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Os analistas prevêem um escrutínio muito em aberto onde Khalifa Sall, antigo edil de Dacar, é tido como possível fiel da balança.
As eleições deviam ter ocorrido a 25 de Fevereiro, mas foram adiadas pelo presidente cessante, Macky Sall. Este garante que deixa o poder até ao limite do seu mandato, 2 de Abril.
A marcação da data de 24 de Março implicou que a campanha eleitoral fosse encurtada e passasse de três para duas semanas.
Para Henri Labéry, politólogo radicado em Dacar, as duas desistências, entre os 19 candidatos, não devem alterar a necessidade, muito provável, de uma segunda volta, perante este número elevado de candidaturas.
A desistência dos dois candidatos, do meu ponto de vista, não influi muito no resultado da campanha e dos votos. O Habib Sy já declarou apoiar Diomaye Faye e o outro [Cheikh Tidiane Dieye] não disse nada. A ausência do Presidente da República, que declarou, seja qual for o resultado, no dia 2 de Abril, entregaria o poder não sei a quem ? Talvez ao Conselho Constitucional ? Parece que numa primeira volta, salvo milagre, não haverá um vencedor.
Ainda se aguarda também pelo pronunciamento do PDS [Partido democrático senegalês], de Karim Wade. Não se sabe, até o momento quem é que Karim Wade, que não se pôde candidatar, vai apoiar. Mas daqui até domingo, o dia D, muito provavelmente o partido diz que vai tomar posição !
Amadou Ba pretendeu que já tinha o apoio do Karim, mas este desmentiu. Provavelmente o outro candidato do Partido Socialista, que é o Khalifa Sall, também está esperando que o voto do PDS, que o partido do Karim Wade lhe seja favorável. Vamos a ver daqui até mais tarde se realmente o PDS irá pronunciar-se, através do Abdoulaye Wade, o pai do Karim Wade, ausente do território já há muitos anos.
Mas a situação era muito tensa na pré-campanha e houve muitos protestos. Houve até mortos a lamentar. Agora esta campanha foi curta. Como é que ela foi? Ela interessou? Ela mobilizou ?
Mobilizou. Curta, mas mobilizou. E evidentemente que os candidatos reclamam que tudo isso foi calculado para favorecer o candidato do poder do Macky Sall
Amadou Ba, ex primeiro-ministro !
Amadou Ba, exacto. A ver vamos.
E a libertação daqueles dois presos, nomeadamente Faye e Sonko: acha que isso mudou alguma coisa no decurso da campanha?
Sim, sim, indubitavelmente que vai mudar. Porque a ausência, se houvesse ausência do representante do partido do Sonko, o escrutínio não seria credível.
E essa amnistia acalmou um pouco os ânimos., então ?
Sim, embora muitos estavam contra essa lei da amnistia, mas acabou por ser significativo.
Acha que há receios agora quando se chegar ao dia D e quando começarem a ser apurados resultados sobre a forma como os candidatos se vão comportar os candidatos e os apoiantes? Porque o Senegal sempre foi muito estável, mas cada vez mais se fala nos receios de instabilidade, não é?
Isso também é verdade. Esperemos que amanhã, depois de amanhã, tudo corra pelo melhor. Já o povo, o eleitorado senegalês, é muito habituado às urnas sem distúrbios. Esperemos que isso seja um sinal positivo e que assim seja também no próximo domingo.
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