Tropas angolanas já começaram a deixar a Guiné-Bissau
O contingente militar angolano começou nesta quarta-feira a abandonar a Guiné-Bissau. Uma retirada que deveria durar alguns dias e que tem estado a ser supervisionada pelas tropas da CEDEAO e exército guineense. A presença da MISSANG fora utilizada como pretexto oficial para o golpe de Estado de 12 de Abril.
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A retirada do contingente de 200 homens e dos meios da MISSANG (Missão angolana na Guiné-Bissau) começou com o repatriamento na manhã de quinta-feira de soldados e material bélico angolano a bordo de um avião de carga.
Durante a tarde um outro aparalho também de fabrico russo levou de volta a Angola duas viaturas e mais 15 sargentos.
Nesta quinta devem realizar-se mais dois voos, para uma operação que poderá ser concluída na sexta.
Também nesta quinta deve zarpar de Bissau um navio angolano com material militar angolano.
Tudo isto sob o olhar atento do exército guineense e dos cerca de 600 elementos das tropas da CEDEAO (Comunidade económica dos Estados da África ocidental) que entretanto já chegaram a este país.
A MISSANG estava na Guiné-Bissau desde 2011 no âmbito de uma missão de apoio à reforma dos sectores da defesa e segurança guineenses.
Os golpistas de 12 de Abril alegaram que Angola e o governo guineense tinham rubricado um protocolo secreto para que a MISSANG pudesse neutralizar as forças armadas da Guiné-Bissau em caso de necessidade.
Este pretexto e a alegada capacidade bélica que Angola teria armazenado em território guineense teriam levado, alegadamente, ao golpe de Estado que derrubou o governo de Carlos Gomes Júnior e o presidente interino, Raimundo Pereira, ambos radicados actualmente no estrangeiro.
Mussá Baldé, correspondente em Bissau, dá-nos conta do início das operações de retirada da MISSANG da Guiné-Bissau.
Correspondência de Mussá Baldé
Fernando Vaz, ministro guineense da presidência do conselho de ministros, alega que esta retirada está a decorrer sem problemas.
Fernando Vaz, Ministro guineense da Presidência do Conselho de Ministros
O general Correia de Barros, do Centro de estudos estratégicos de Angola, entrevistado por Liliana Henriques, alega que Luanda não devia ter aceite uma missão bilateral na Guiné-Bissau.
General Correia de Barros, Centro de Estudos Estratégicos de Angola
Por outro lado o primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior, esteve esta terça-feira no Conselho de segurança das Nações Unidas.
Este dirigente, falando à Rádio ONU, agradeceu o papel desempenhado pelas Nações Unidas na crise guineense e teceu críticas à CEDEAO que acabou por designar um presidente interino e viabilizar um governo de transição que agora administra o país com um governo interino.
Carlos Gomes Júnior, Primeiro Ministro deposto da Guiné-Bissau
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