Moçambicanos continuam a fugir à violência xenófoba na África do Sul
Chegaram esta quinta-feira ao centro de acolhimento de Boane, província de Maputo, mais 426 moçambicanos fugidos da onda de violência xenófoba que assola a vizinha África do Sul. Esta foi a terceira leva de repatriados e ainda hoje devia chegar uma quarta.
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Enquanto continuam a afluir ao país repatriados da África do Sul fugindo à violência xenófoba, organizações da sociedade civil e movimentos sociais da África austral acusam os sul-africanos de violar a Carta continental sobre os direitos dos povos e humanos.
Estes mesmos actores sociais responsabilizaram também os governos do continente pela violência xenófoba na África do Sul por alegadamente terem falhado na luta contra a miséria, assinalando que os ataques envolvem pobres contra pobres. A crítica foi feita durante uma conferência de imprensa realizada por representantes de organizações da Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral, SADC, em Maputo.
Para estas organizações nenhum africano é ilegal onde quer que seja no seu próprio continente. Orfeu Lisboa, na capital moçambicana, tem mais informação.
Correspondência Maputo - Orfeu Lisboa
Ao mesmo tempo, as organizações da sociedade civil em Moçambique anunciaram para sábado, em Maputo, uma marcha contra a onda de violência xenófoba na África do Sul, culminando com a entrega de uma carta de repúdio à embaixada sul-africana na capital moçambicana.
Do lado sul-africano, a polícia apoiada pelo exército efectuou hoje uma nova demonstração de força num subúrbio de Joanesburgo para evitar mais violência contra os imigrantes. Segundo a agência de notícias France Presse, dezenas de polícias iniciaram à meia-noite buscas rigorosas num bairro de Alexandra.
Foi precisamente em Alexandra que um moçambicano foi golpeado no olho no sábado, a última vítima registada da vaga de violência xenófoba que começou no início de Abril em Durban e em Joanesburgo.
Hoje ainda, em Joanesburgo, várias associações e sindicatos realizaram nova marcha para dizer “não” à xenofobia. A comissão sul-africana dos direitos humanos está a investigar o alcance dos propósitos do rei zulu reiterados pelo filho do presidente Edward Zuma que apelou ao regresso dos estrangeiros aos seus países, despolentando esta vaga de violência xenófoba que causou 7 mortos entre os quais 3 moçambicanos e milhares de deslocados.
Many de Freitas, deputado sul-africano da Aliança Democrática, principal partido da oposição, reagui em entrevista à RFI e acusou as políticas económicas do ANC e do presidente Zuma por esta nova vaga de violência.
Many de Freitas - Deputado sul-africano da Aliança Democrática
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