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Gabão

Violência pós-eleitoral no Gabão

Duas pessoas morreram nos confrontos pós-eleitorais no Gabão, de acordo com a oposição. A assembleia nacional foi ontem incendiada, depois de milhares de pessoas terem ido para as ruas manifestar contra a reeleição de Ali Bongo.

Confrontos pós-eleitorais no Gabão.
Confrontos pós-eleitorais no Gabão. MARCO LONGARI/AFP
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Duas pessoas morreram e mais de 12 ficaram feridas quando a sede da oposição foi rodeada pelas forças de segurança, de madrugada. Jean Ping, candidato presidencial derrotado por uma curta margem de votos, acusou as forças de segurança de terem atacado a sua sede. Um porta-voz do Governo respondeu que a operação pretendia apanhar os que incendiaram o edifício do parlamento.

Hoje, o ministério do Interior informou que foram detidas mil pessoas na sequência dos distúrbios.

A assembleia nacional foi incendiada por manifestantes que entraram em confrontos com a polícia, depois de milhares de pessoas terem ido para as ruas protestar contra a reeleição de Ali Bongo.

Os resultados oficiais anunciados pelo ministro do Interior esta quarta-feira, apontam para a vitória do presidente cessante por 49,80% dos votos, contra 48,23% para Jean Ping, ou seja, uma diferença de pouco mais de 5.500 votos num universo de cerca de 600 mil eleitores.

A oposição fala em “fantochada” e exige uma recontagem dos boletins de voto em cada uma das assembleias de voto. Também a União Europeia e a França pediram a divulgação dos resultados de todas as assembleias de voto do país.

 

As declarações de Jean Ping e do porta-voz de Ali Bongo

 

Jean Ping, o principal candidato da oposição alega que o seu rival tem de perceber que os tempos mudaram.

"Ali Bongo deve entender que ele não se pode manter eternamente no poder com base nos mesmos métodos.

Ou seja através da fraude, de mortes, de roubos...

Há que ver que eles já ocupam o poder há meio século !

Há cinquenta anos que a sua família reina e ele quer continuar na mesma.

Não é possível: ele tem que entender que estamos no século XXI !

E que isto não pode acontecer desta maneira, não se pode entrar na história a fazer marcha atrás !

Ele tem que perceber que deve respeitar a vontade das urnas e a vontade do povo gabonês."

 

Alain Claude Billie By Nze, porta-voz de Ali Bongo, alega que o país não é uma ditadura e acusa Jean Ping da desordem que o país está a viver.

"Todos nós temos interesse em que a situação se possa apaziguar.

Porque o Gabão não é uma ditadura: o Gabão é uma democracia, com leis.

Em caso de contestação dos resultados pode-se abrir um contencioso junto do Tribunal constitucional.

Para os que querem que se volte a contar os votos é junto do Tribunal que tal pode ser pedido.

Trata-se aqui da implementação de um plano que foi preparado pelo senhor Jean Ping e anunciado há muito tempo.

Ele tinha avisado que não reconheceria os resultados e que chamaria os gaboneses para protestar na rua.

Foi exactamente o que ele fez."

 

A análise de Clara Carvalho, presidente da Rede de Centros Europeus de Estudos Africanos

 

Clara Carvalho, presidente da AEGIS, a Rede de Centros Europeus de Estudos Africanos, disse à RFI que a curta diferença de votos se pode justificar pelo peso crescente da oposição e por alguma perda de controlo da situação pelo partido no poder.

00:59

Clara Carvalho, Presidente da Rede de Centros Europeus de Estudos Africanos

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