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Estados Unidos/ WikiLeaks

Manning, fonte do WikiLeaks, é condenado a 35 anos de prisão

O soldado americano Bradley Manning, responsável por divulgar milhares de documentos confidenciais ao site WikiLeaks, foi condenado nesta quarta-feira a 35 anos de prisão. O soldado, que corria o risco de pegar 90 anos de detenção, também sofrerá uma dispensa desonrosa do Exército. WikiLeaks considera veredicto uma "vitória estratégica", enquanto advogado indicou que vai pedir graça presidencial de Manning a Barack Obama.

O soldado americano Bradley Manning é escoltado nesta quarta-feira, 21 de agosto de 2013, para receber sua sentença em Maryland, nos Estados Unidos.
O soldado americano Bradley Manning é escoltado nesta quarta-feira, 21 de agosto de 2013, para receber sua sentença em Maryland, nos Estados Unidos. REUTERS/Kevin Lamarque
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"Você é sentenciado a 35 anos e tem ordenada uma baixa desonrosa", afirmou a juíza militar, coronel Denise Lind, sobre Manning, responsável pela maior divulgação de documentos governamentais secretos da história dos Estados Unidos. Ele cedeu os dados ao WikiLeaks, site fundado por Julian Assange, que está refugiado há um ano e dois meses na embaixada do Equador em Londres.

Manning, de 25 anos, vestia uniforme e estava pálido à espera do veredicto, comunicado por Lind em uma declaração de menos de dois minutos. Um vídeo que transmitia a sala do tribunal na base militar de Fort Meade, perto de Washington, foi cortado logo após a divulgação do veredicto.

O julgamento por espionagem e de outros crimes se iniciou em 3 de junho. O soldado admitiu anteriormente ser a fonte de centenas de milhares de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque e de telegramas diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos.

Promotores pediam pelo menos 60 anos de prisão

Os promotores militares pressionaram, na segunda-feira, por uma pena de prisão de "pelo menos" 60 anos para Manning, argumentando que a decisão iria enviar uma mensagem para as pessoas que apoiam o roubo de informações confidenciais. No entanto, o principal advogado de defesa, David Coombs, pediu clemência para seu cliente. Ele afirmou que Manning expressou remorso, cooperou com o tribunal e merecia a chance de ter uma família e de caminhar livre um dia.

Ainda assim, 35 anos é a pena mais severe já sentenciada a um acso de divulgação de dados sigilosos. O soldado receberá um desconto de 1.293 dias em sua pena referente ao tempo que já cumpriu. Coombs indicou que vai pedir a graça presidencial de Manning a Barack Obama.

Sua sentença é considerada especialmente importante num momento em que outro americano - o ex-consultor da inteligência Edward Snowden, asilado atualmente na Rússia - é procurado pelos Estados Unidos por acusações de espionagem, depois de divulgar detalhes sobre as atividades de monitoramento de comunicações realizadas pela Agência de Segurança Nacional.

Manning era um analista de inteligência júnior em uma base americana perto de Bagdá quando entregou os dados - cerca de 700 mil documentos - ao WikiLeaks. O soldado foi preso no Iraque em 2010 e está sob custódia militar desde então. Os documentos que ele revelou provocaram mal-estar entre os Estados Unidos e seus aliados, muitas vezes envolvidos nos relatórios.

WikiLeaks comemora

O vazamento mais famoso incluía um vídeo e arquivos de áudio, chamados de "Assassinato Colateral" pelo WikiLeaks, e mostrava imagens de dois helicópteros Apache americanos abrindo fogo e matando 12 pessoas em Bagdá em 2007. Após o anúncio do veredicto, o WikiLeaks comemorou a decisão, através do twitter, afirmando que se trata de uma “vitória estratégica significativa. “Bradley Manning agora pode ser libertado em menos de 9 anos; 4,4 anos de acordo com um outro cálculo”, dizia a mensagem.

O soldado – considerado um herói por milhares de simpatizantes, que acreditam que a delação trouxe à tona as ações polêmicas da política externa americana - foi considerado culpado de 20 das 22 acusações contra ele. No entanto, ele acabou absolvido da acusação mais grave - "conluio com o inimigo", principalmente a Al-Qaeda.

Mais de 100.000 pessoas já assinaram uma petição pedindo a nomeação de Manning para o Prêmio Nobel da Paz. Ressaltando a gravidade do caso, o governo dos Estados Unidos o apresentou como um traidor, cujas ações imprudentes poderiam ter colocado o país em risco.

Especialistas que testemunharam no julgamento de Maning ressaltaram que o soldado estava confuso sobre seu gênero e sexualidade e sob enorme estresse psicológico no momento em que cometeu os vazamentos. O acusado também se desculpou. "Sinto muito que minhas ações tenham ferido as pessoas e ferido os Estados Unidos", disse a Lind durante uma audiência, na semana passada.
 

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