Sadomasoquismo e vampirismo em competição em Cannes

Os últimos filmes em competição para a Palma de Ouro serão exibidos neste sábado em Cannes. "Vénus à la Fourrure" (Vênus de pele, em tradução livre), do franco polonês Roman Polanski, e "Only Lovers Left Alive" (algo como Só os Amantes Sobrevivem), do americano Jim Jarmush. No primeiro, o masoquismo é literalmente colocado em cena no palco de um teatro. No segundo, uma nova e inusitada leitura sobre o vampirismo.

Cena do filme « Only Lovers Left Alive » de Jim Jarmusch. Le Pacte

Em "Vénus à la Fourrure", um diretor estressado se prepara para deixar o teatro depois de um dia desgastante de audições para o papel principal. Eis que surge uma atriz atrasada, que parece completamente errada para o papel, mas que insiste em fazer o teste. O texto em questão é uma peça baseada no livro do austríaco Sacher-Masoch (1836-1895), explicitando uma nova forma de erotismo que originou o termo “masoquismo”. O diretor acaba entrando no jogo envolvente da atriz.

A atriz é vivida por Emmanuelle Seigner, mulher de Polanski na vida real, e Mathieu Amalric faz o atormentado diretor. O ambiente é claustrofóbico: um palco que se transforma em alcova.

Já "Only Lovers Left Alive" é uma simpática releitura sobre vampiros, vividos por Tilda Swinton e Tom Hiddleston, que atravessam séculos e séculos como testemunhas noturnas das mudanças dos tempos. Ela é uma figura enigmática, elegante e etérea. Ele parece um roqueiro blasé, que acha insuportável a mediocridade moderna. Para passar o tempo, ele coleciona guitarras raras, com muitas citações musicais, marca registrada dos filmes de Jarmusch, um apaixonado por música.

Esses dois filmes completam a apresentação dos 20 longas que brigam este ano pela Palma de Ouro. Diante de tantos filmes de diretores consagrados, um longa parece ser o preferido dos críticos: ‘ La Vie d’Adèle’, do franco tunisiano Abdellatif Kechiche. O vencedor da Palma será anunciado em sessão de gala amanhã.