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“StopCovid”: "Uma aplicação de telemóvel não é um teste médico”

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A aplicação de rastreio à pandemia de covid-19 em França, baptizada StopCovid, poderá estar disponível já este fim de semana, mediante validação parlamentar, afirmou, esta terça-feira, Cédric O, secretário de Estado para os Assuntos Digitais. A aplicação não deve ser vista “como uma verdade absoluta” e muito menos como um teste médico, alerta Alcides Fonseca, professor no departamento de informatica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Imagem de arquivo.
Imagem de arquivo. AFP - MIGUEL MEDINA
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A aplicação de rastreio à pandemia de covid-19 em França, baptizada StopCovid, poderá estar disponível já este fim de semana, mediante validação parlamentar, indicou, esta terça-feira, Cédric O, secretário de Estado para os Assuntos Digitais.

O debate e votação deverá acontecer esta quarta-feira, um dia depois da comissão francesa de protecção de cados (CNIL) ter novamente dado luz verde à implementação da StopCovid.

A aplicação não deve ser vista “como uma verdade absoluta” e muito menos como um "teste médico", alerta Alcides Fonseca, professor no departamento de informatica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com quem estivemos à conversa sobre até que ponto é realista uma aplicação ajudar a combater a pandemia e que perigos representa para a protecção dos dados pessoais.

"Há vários aspectos a ter e conta. Aquele que preocupa a maior parte das pessoas tem a ver com a privacidade. Diferentes países estão a desenvolver as suas aplicações (...) Temos aquelas que invadem mais a privacidade das pessoas, por exemplo, as que estão a ser usadas na China, que registam onde é que a pessoa está a cada hora e isso é centralizado, portanto, o governo tem essa informação toda (...) No outro extremo, temos aquele que está a ser proposto em França em que nem sequer fica registado onde a pessoa teve, não existe esse perigo que muitas vezes assusta as pessoas de o governo saber onde estamos", descreve. 

A aplicação vai estar disponível a título voluntário e recorre ao Bluetooth, considerado menos intrusivo que a geolocalização. 

"Sempre que eu passo o meu telemóvel ao pé do telemóvel de outra pessoa, fica registado em ambos os telemóveis que nós tivemos em contacto numa janela temporal", explica Alcides Fonseca. Ou seja, mais tarde, se uma das pessoas for diagnosticada positiva pode anotá-lo na aplicação e os outros telemóveis recebem uma notificação automaticamente, sem que os detentores dos smartphones conheçam a identidade uns dos outros.

Então, a aplicação pode realmente ajudar a combater a pandemia de covid-19? Devemos ou não instalá-la? A resposta depende do perfil de cada um e de uma certa distância em relação às notificações que possam surgir, até porque há falsos positivos, falsos negativos e o facto de os telemóveis terem estado perto não significa que tenha havido contágio.

"As pessoas podem usar esta aplicação, mas não devem considerar que a aplicação é fiável ou uma verdade absoluta. Portanto, se quisermos instalar devemos usar e se formos alertados deveremos ter o cuidado sempre de pedir um teste em vez de assumir imediatamente que também estamos contagiados (...) O que me preocupa neste tipo de abordagens é que as pessoas por receberem uma notificação de telemóvel a dizer que estiveram em contacto com alguém que foi infectado cria stress e leva as passoas a terem comportamentos que nem sempre são os mais correctos. Portanto, isto pode ajudar mas uma aplicação de telemóvel não é um teste médico", sublinha.

Oiça aqui a entrevista completa.

 

07:34

Convidado Alcides Fonseca

 

 

 

 

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