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Futebol

Futebol: Polémica acesa entre Neymar e Álvaro González por alegados insultos racistas

Mais de 48 horas após o encontro entre o PSG e o Marselha, a polémica continua acesa entre o avançado do PSG, Neymar, e o defesa do Marselha, Álvaro González, por alegados insultos racistas.

Neymar, avançado do PSG (esquerda), acusou o defesa do Marselha, Álvaro González (direita), de insultos racistas.
Neymar, avançado do PSG (esquerda), acusou o defesa do Marselha, Álvaro González (direita), de insultos racistas. © REUTERS - GONZALO FUENTES
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No passado domingo 13 de Setembro, o PSG perdeu em casa por 0-1 frente ao Marselha. Nesse encontro o avançado brasileiro, Neymar, foi expulso, no entanto durante todo o encontro, e até quando saiu das quatro linhas, virou-se para os árbitros a afirmar que foi alvo de racismo da parte do defesa espanhol do Marselha, Álvaro González.

Aliás a noite de domingo para segunda-feira foi agitada. Neymar acabou por abrir o livro na rede social ‘Twitter’: «Único arrependimento que tenho é por não ter dado na cara desse babaca». Esta primeira mensagem foi seguida de uma segunda que explica melhor o que aconteceu dentro das quatro linhas: «VAR pegar a minha “agressão” é mole ... agora eu quero ver pegar a imagem do racista me chamando de “MONO HIJO DE PUTA” (macaco filha da puta)... isso eu quero ver! E aí? CARRETILHA vc me pune.. CASCUDO sou expulso... e eles? E aí ?», concluiu o avançado brasileiro da equipa parisiense.

Álvaro González, defesa do Marselha.
Álvaro González, defesa do Marselha. © AFP - FRANCK FIFE

Álvaro González, jogador do Marselha, reagiu no 'Twitter', considerando que tudo não passa de mau perder: «Não há lugar para racismo. Tenho uma carreira limpa, com muitos companheiros e amigos no dia a dia. Às vezes é preciso aprender a perder e assumi-lo em campo. Três pontos Incríveis. Allez OM. Obrigado família», escreveu o defesa espanhol.

Neymar respondeu à mensagem do defesa espanhol às 3h50 da manhã: «Você não é homem de assumir teu erro, perder faz parte do esporte. Agora insultar e trazer o racismo pra nossas vidas não, eu não estou de acordo. Eu não te respeito! Você não tem caráter! Assume o que tu fala mermão ... seja HOMEM RAPÁ ! RACISTA», respondeu o avançado brasileiro do PSG.

Marselha e André Villas-Boas apoiam Álvaro González

A equipa do Marselha defendeu o seu defesa num comunicado que revela que já houve "ameaças de morte" contra Álvaro González: «Esta controvérsia já teve consequências sérias. O clube condena a disseminação do número privado de Álvaro e seus familiares pelos media brasileiros, assim como nas redes sociais, que já motivaram ameaças de morte», refere o comunicado do clube francês.

André Villas-Boas, treinador português do Marselha.
André Villas-Boas, treinador português do Marselha. © AFP/File

Em conferência de imprensa, o treinador português André Villas-Boas afirmou acreditar na inocência do defesa espanhol, e lembrou que Neymar também já foi alvo de… falsas acusações: «Estamos todos ao lado do jogador, à procura de apurar a verdade. Temos a certeza que o Álvaro não é racista. O Marselha é um clube multiracial, temos pessoas do mundo inteiro. Vamos todos tentar encontrar a verdade, não temos dúvidas do que o Álvaro disse. O Neymar também já foi alvo de falsas acusações e sofreu muito com isso. Ele sabe o impacto que uma acusação falsa pode ter. Isto não é bom para o Álvaro, é um assunto sensível. Vou estar ao lado do meu jogador, conheço-o, sei como ele é e o que representa», assumiu o técnico português.

André Villas-Boas confirmou também as ameaças de morte recebidas pelo jogador do Marselha: «As ameaças de morte são verdade. Informámos a polícia e agora esse assunto está nas mãos deles. Isto são as consequências da acusação, infelizmente chegou a este ponto. Espero que tudo acabe em breve. Todos sabemos o que aconteceu», concluiu o técnico luso.

Neymar confirma acusações

Quanto a Neymar, de cabeça fria, tentou acalmar a polémica, confirmando os insultos racistas: «Me revoltei. Fui punido com vermelho porque quis dar um cascudo em quem me ofendeu. Achei que não poderia sair sem fazer nada porque percebi que os responsáveis não fariam nada. Não percebiam ou ignoravam. Durante o jogo queria dar a resposta como sempre, jogando futebol... Os fatos mostram que não consegui, me revoltei... No nosso esporte as agressões, insultos, palavrões são do jogo. Da disputa, não dá pra ser carinhoso. Entendo que esse cara em parte, faz parte do jogo. Mas o preconceito e intolerância são inaceitáveis. Eu sou negro, filho de negro, neto e bisneto de negro, tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém, eu queria que os responsáveis pelo jogo (árbitro, auxiliares) se posicionassem de modo imparcial e entendessem que não cabe tal atitude preconceituosa. Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos. Deveria ter ignorado? Não sei ainda... Hoje com a cabeça fria respondo que sim. Mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros e fomos ignorados, esse é o ponto!», começou por escrever o avançado brasileiro.

Neymar, avançado brasileiro do PSG.
Neymar, avançado brasileiro do PSG. © AFP

Neymar não ficou por aqui e prosseguiu, pedindo que justiça seja feita: «Nós que estamos envolvidos no entretenimento precisamos refletir. Uma ação levou a uma reação e chegou onde chegou. Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o defensor também seja punido. O racismo existe, mas temos que dar um basta. Não cabe mais, chega! O cara foi um tolo, eu também fui por me deixar ser atingido... Eu ainda hoje tenho o privilégio de me manter com a cabeça levantada, mas todos nós precisamos refletir que nem todos os pretos e brancos podem estar na mesma condição. O dano do confronto pode ser desastroso para ambos os lados, quer seja preto ou branco. Não quero e não podemos misturar assuntos. Cor de pele não há escolha. Perante Deus somos todos iguais. Agora... Perdi no jogo e me faltou sabedoria... Estar no centro dessa situação ou ignorar um ato racista não vai ajudar, eu sei. Mas pacificar esse movimento "antirracismo" é obrigação nossa para que o menos privilegiado receba naturalmente sua defesa. Vamos nos encontrar novamente e vai ser do meu jeito, jogando futebol... Fica na paz! Fica em paz! Você sabe o que falou... Eu sei o que fiz! Mais amor ao mundo!», concluiu o avançado do PSG.

E agora?

As imagens do desentendimento entre Neymar e Álvaro González correm pelo mundo fora, no entanto não há áudios e por enquanto pode-se dizer que a primeira abordagem é inconclusiva.

Segundo os meios de comunicação franceses, uma investigação vai ser aberta pela Liga Francesa de futebol, que ainda não se pronunciou.

Quem se pronunciou foi o Presidente da Federação Francesa de futebol, Noël Le Graët, que afirmou não haver racismo no futebol: «O fenómeno do racismo no desporto, e no futebol em particular, não existe ou quase não existe. Não sei e não ouvi o que foi dito. O comportamento dos jogadores não foi exemplar. Nós deploramos. Foi uma vergonha. Eles não conseguiram manter a calma e dar o espectáculo que esperávamos», concluiu Noël Le Graët.

Por fim os meios de comunicação franceses afirmam que o PSG está a contratar uma equipa de especialistas para analisar as imagens e provar os insultos racistas de Álvaro González dirigidos a Neymar.

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