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#Cinéma du Réel

Cinema documental é urgente “para abrir os olhos” na era das imagens

Numa altura em que os ecrãs e as imagens são omnipresentes, o documentário é urgente “para abrir os olhos” das pessoas e fazê-las questionar o mundo que as rodeia. Quem o diz é Fern Silva, realizador luso-americano que apresenta dois filmes no Cinéma du Réel, em Paris.

"Rock Bottom Riser" de Fern Silva
"Rock Bottom Riser" de Fern Silva © Fern Silva
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Em Paris, termina este domingo, 2 de Abril, a 45ª edição do Festival Internacional do Documentário Cinéma du Réel, em Paris.

Fern Silva, artista visual e realizador luso-americano, cujos filmes experimentais já foram exibidos em vários festivais, museus e galerias de arte, apresenta dois filmes: “Ride Like Lightning, Crash Like Thunder” (2017) e “Rock Bottom Riser” (2021). As obras são exibidas na secção “Le Monde, Autre” [“O mundo, Outro”], dedicada “a cineastas situados na tangente do cinema e que conta o mundo de outra forma”, de acordo com o festival. Fern Silva também faz parte do júri para as curtas-metragens e primeiros filmes em competição.

Na era da omnipresença das imagens, como é que o cinema documental sobrevive e como é que se distingue do resto? Para Fern Silva, o documentário serve “para abrir os olhos” das pessoas e fazê-las pensar e questionar o mundo que as rodeia.

Há dois anos, na 43.ª edição, o seu filme “Rock Bottom Riser” conquistou o prémio para música original do Cinéma du Réel. Na altura, o júri do festival sublinhou: “A música torna-se um elemento fundamental na experiência sinestésica de ‘Rock Bottom Riser’ devido à sua construção rica e versátil, integrando diferentes tipos de sons provenientes das paisagens insulares. Uma música que, além de acrescentar sentido e revelar o poder das imagens, liberta-se das suas funções musicais para se transformar, em si mesma, num material cru para o filme."

"Rock Bottom Riser" foi a primeira longa-metragem de Fern Silva e foi criada a partir de imagens de um vulcão no Havai, abordando questões sobre ciência, prospecção na natureza e pós-colonialismo. O filme fez a estreia mundial no Festival de Berlim, em 2021, e recebeu uma menção honrosa. O jornal New York Times colocou o documentário no "extremo avant-garde" do festival, referindo-se à obra como um "conjunto de momentos descontinuados, que cresce para se tornar num esboço etnográfico e ecológico do Hawai". "É material denso, mas a Silva não lhe falta um sentido de humor (ver: um interlúdio com banda sonora EDM numa `vape shop` no meio entusiasta de anéis de fumo)", acrescenta o jornal.

Em conversa com a RFI, no Centro Pompidou onde decorre o Cinéma du Réel, descreveu a obra como “uma história de pós-colonialismo com um pouco de ficção científica”, tendo como pano de fundo a construção do maior telescópio do mundo num local “sagrado” e a resistência da população. Quanto à música, é feita com “sons da ilha, muito únicos, misturados num sintetizador”.

O festival também vai exibir, este sábado, a curta “Ride Like Lightning, Crash Like Thunder” (2017), que fala sobre “a natureza e a mitologia” de uma localidade norte-americana, num “tempo cheio de ansiedade”. Esta obra foi mostrada no Curtas de Vila do Conde, em Portugal. Uma outra curta, “Notes from a bastard child” (2007), também integrou o festival IndieLisboa. 

Fern Silva nasceu em 1982 e é filho de portugueses que emigraram para os Estados Unidos. Actualmente, entre vários projectos, está a escrever um filme relacionado com a história da imigração portuguesa nos Estados Unidos.

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