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Terrorismo/França

França activa alerta máximo de terrorismo após ataque no norte do país

Paris – França activou, esta sexta-feira, o alerta máximo de terrorismo, na sequência de um ataque à faca, numa escola secundária, na cidade de Arras, distrito de Pas-de-Calais, no norte de França. A decisão foi anunciada pelo gabinete da primeira-ministra, Elisabeth Borne, esta sexta-feira, poucas horas depois de um professor ter sido assassinado por um terrorista islâmico e de três pessoas terem ficado feridas.

Escola secundária Gambetta, em Arras, 13 Outubro de 2023.
Escola secundária Gambetta, em Arras, 13 Outubro de 2023. REUTERS - PASCAL ROSSIGNOL
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A decisão de que França deveria entrar em alerta de emergência foi tomada, ontem à noite, pela primeira-ministra, Elisabeth Borne, depois de uma reunião de segurança, no Palácio do Eliseu, onde esteve reunida com o Presidente da República, Emmanuel Macron, e com outros ministros.

Este nível de alerta máximo de terrorismo é colocado em prática em duas situações distintas: na sequência de um atentado terrorista ou numa situação em que um grupo terrorista identificado e não localizado entrar em acção.

A última vez que este nível de alerta tinha sido accionado em França remonta a 2020, após o atentado terrorista contra a Catedral de Nice, que, na altura, deixou três mortos.

Mobilização excepcional de meios nas ruas francesas

A activação deste alerta permite uma mobilização excepcional de meios nas ruas francesas e o Palácio do Eliseu já anunciou, na manhã deste sábado, que serão mobilizados até 7 militares da operação Sentinela (operação implementada em território francês em 2015, na sequência do atentado terrorista contra o jornal satírico Charlie Hebdo).

Estes soldados juntam-se aos efectivos da polícia com o objectivo de patrulhar as ruas, principalmente junto a sítios onde existe uma maior aglomeração de pessoas, como é o caso de centros comerciais ou aeroportos, locais susceptíveis de serem alvo de um atentado terrorista.

Entretanto, o ministro da educação, Gabriel Attal, disse ontem que a segurança junto aos estabelecimentos de ensino também seria reforçada.

Militares franceses a patrulhar as ruas.
Militares franceses a patrulhar as ruas. AFP/Christophe Simon

Atentado deixou um morto e três feridos

O atentado terrorista desta sexta-feira levou à morte de um professor de francês, de 57 anos, Dominique Bernard, e deixou outras três pessoas feridas (um professor e dois funcionários do estabelecimento de ensino), uma informação actualizada ontem à noite pelo procurador antiterrorismo francês, Jean-François Ricard.

De acordo com testemunhas, o homem terá gritado "Allah Akbar" (Deus é Grande) no momento do ataque. Esta expressão é geralmente usada por radicais islâmicos, instantes antes de levarem a cabo actos terroristas.

O agressor chama-se Mohamed Mogouchkov, tem 20 anos e nasceu na República russa da Inguchétia, república de maioria muçulmana. Inicialmente, acreditava-se que seria checheno, mas as informações foram, entretanto, actualizadas. O homem já estava a ser vigiado pela polícia e estava sinalizado como estando "potencialmente radicalizado". 

Mohamed Mogouchkov acabou por ser preso cerca de quatro minutos depois do ataque e um irmão mais novo, de 17 anos, bem como outros membros da família também acabaram por ser detidos. A informação foi confirmada também ontem pelo procurador antiterrorismo francês.

O pai do agressor já tinha sido expulso do país em 2018 também por ligações terroristas e um irmão mais velho cumpre actualmente pena de prisão por crimes da mesma natureza.

Este ataque aconteceu três dias antes de se assinalar três anos da morte de Samuel Paty, um professor de história, que foi decapitado, a 16 de Outubro de 2020, por um terrorista islâmico, poucos dias depois de ter mostrado nas suas aulas de liberdade de expressão caricaturas do profeta Maomé.

Emmanuel Macron, Presidente francês, esteve na escola onde ocorreu o ataque, acompanhado pelos ministros do Interior e da Educação e disse que França foi atingida, uma vez mais, pela "barbárie do terrorismo islâmico", apelando a que o país se mantenha unido face à ameaça terrorista.

Presidente francês, Emmanuel Macron, em Arras, no norte de França. 13 de Outubro de 2023.
Presidente francês, Emmanuel Macron, em Arras, no norte de França. 13 de Outubro de 2023. © Ludovic Marin/AFP

Ministro do Interior pede cautela aos franceses

O ministro do Interior, Gerald Darmanin, expressou-se, esta sexta-feira à noite, e pediu aos franceses para terem cautela, para estarem vigilantes, salientando contudo que, de momento, "não existe nenhuma ameaça caracterizada", mas sim uma "atmosfera negativa no país".

Darmanin disse ainda que há, "sem dúvida", uma ligação entre este atentado e a situação que se vive no Médio Oriente, devido ao conflito Israelo-Palestiniano. O ataque aconteceu depois de, no dia anterior, um ex-líder do grupo palestiniano Hamas ter deixado um apelo para um dia "de raiva internacional". Um dos principais receios do executivo francês nos últimos dias era que o conflito israelo-palestiniano fosse importado para França.

De salientar que a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, avançou ontem um novo balanço provisório de vítimas, na sequência do conflito em Israel. Já há registo de 15 franceses mortos, 16 desaparecidos e o executivo acredita que muitas destas pessoas podem ter sido raptadas pelo Hamas.

A chefe da diplomacia francesa viaja este domingo para Israel, para acompanhar a situção no país, numa altura em que, neste fim-de-semana existirão mais voos de repatriamento, provenientes de Telavive com destino à capital francesa.

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