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Moçambique

Moçambique: Polícia afirma que não houve mortos nas manifestações

A polícia moçambicana afirma que não houve mortos durantes as manifestações realizadas, na semana passada, contra os resultados das sextas eleições autárquicas. O porta-voz do Comando Provincial em Nampula, Zacarias Nacute, desmente a versão do Cento de Integridade Pública que fala em duas vítimas mortais.

Protesto em Maputo. 17 de Outubro de 2023.
Protesto em Maputo. 17 de Outubro de 2023. LUSA - LUÍSA NHANTUMBO
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O porta-voz do Comando Provincial em Nampula referiu que não houve mortos durantes as manifestações realizadas, na semana passada, contra os resultados das sextas eleições autárquicas.

“Não houve registo de óbitos causados por alguma ação polícia”, reitera Zacarias Nacute.

O centro de Integridade Pública, uma Organização Não Governamental moçambicana que observa as eleições, afirma que um agente da polícia e um jovem perderam a vida durante as manifestações que tiveram lugar na cidade de Nampula e Nacala.

Já o Centro para Democracia e Direitos Humanos faz um rescaldo diferente do das autoridades moçambicanas, dando conta de 6 mortes, 15 feridos graves e 101 detenções. A ONG diz ainda que durante as manifestações cinco casas e um mercado foram reduzidos a cinzas em Nampula.

Polícia acusa a Renamo de usar bombas caseiras

Zacarias Nacute contaria a versão do CIP, sublinhado que os confrontos entre os manifestantes e a polícia provocaram uma baixa para as forças de defesa e segurança, acusando a Renamo, principal partido de oposição no país, de estar a fabricar bombas.

Um membro da nossa unidade de intervenção rápida que acabou sendo atingido por uma bomba de fabrico caseiro que teriam sido preparadas pelos dirigentes da Renamo. Confirmamos esta informação após a apreensão de alguns engenhos que se encontravam na delegação [da Renamo], assim como os restos do engenho que feriram gravemente um polícia, que acabou com o braço amputado”, detalhou.

Mais de 100 pessoas foram detidas, nas autarquias de Nampula e Nacala Porto, depois de terem participado nas manifestações de protesto contra os resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro.

Defesa diz que não tem acesso aos detidos

Algumas das pessoas detidas em Maputo devem comparecer perante a justiça a partir desta terça-feira, 31 de Outubro. Contactado pela RFI, o advogado membro da equipa de defesa, Elvino Dias, diz não conhecer o número exacto de pessoas que está a representar e denuncia não ter acesso aos detidos.

“Não temos o número exacto de detidos, uma vez que a polícia não esta a dizer, com clareza, o número de detidos. Todavia, devem rondar 38 pessoas em Maputo. Um estão detidos na oitava esquadra que esta a ser vedada aos advogados. Outros estão detidos na sexta e décima segunda esquadra”, explicou.

"Piores eleições da história de Moçambique"

Os partidos de oposição e a sociedade civil moçambicana  denunciam um  “mega-fraude” nas eleições autarquicas e rejeitam os resultados anunciados pela Comissão Naciona de Eleições. O coordenador dos observadores eleitorais do Centro de Integridade Pública de Moçambique, Lázaro Mabunda, considera que  estas foram as piores eleições alguma vez realizadas no país.

"Estas eleições foram as piores da história de Moçambique, desde o recenseamento eleitoral que foi o pior porque nunca tínhamos visto um recenseamento eleitoral daquele nível. Nunca tínhamos também visto eleições em que o roubo é de forma descarada, em que os delegados de mesa de votos da oposição são tirados da contagem de votos pela polícia à força, só porque têm que ficar os delegados da Frelimo, os membros da Comissão Distrital de Eleições e da Comissão Nacional de Eleições em representação do partido Frelimo (...). Isso aconteceu ao nível dos órgãos de administração eleitoral, sobretudo no processo de apuramento intermédio de resultados, mas também ao nível das mesas da assembleia de voto em que grande parte dos membros da oposição foram impedidos de recolher editais", relata.

De acordo com a Comissão Nacional de Eleições, a Frelimo, partido no poder, venceu em 64 das 65 autarquias moçambicanas, enquanto o MDM, terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira, zona centro.

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