Moçambique investiga morte de Andre Hannekom

A Procuradoria provincial de Cabo Delgado já está a investigar as verdadeiras causas que levaram à morte do empresário sul-africano Andre Hannekom, no Hospital de Pemba. Hannekom era acusado pelas autoridades de incitar ataques armados no norte de Moçambique

A província de Cabo Delgado, Moçambique localizada no extremo nordeste do país. Emidio JOSINE / AFP

O homem de negócios tinha sido detido pelas autoridades moçambicanas como um dos suspeitos de incitar ataques armados no norte de Moçambique, desde Outubro do ano passado.

A direcção do Hospital de Pemba confirmou a morte do empresário, mas não avançou causas. A mulher de Andre Hannekom, que teve acesso ao corpo, também não soube detalhar as causas da morte, apenas afirmou que foi retirado da cadeia para o hospital, no sábado, inconsciente e com convulsões.

A detenção Andrew Hannekon foi um dos assuntos debatidos pelo chefe de Estado África do Sul num encontro mantido a 14 de janeiro, em Maputo, com o Presidente moçambicano.

Na acusação do Ministério Público moçambicano, o empresário sul-africano foi apontado como "financiador, logístico e coordenador dos ataques" a locais remotos na província de Cabo Delgado. O Ministério Público dizia ainda que o objectivo era "criar instabilidade e impedir a exploração de gás natural na província" do norte do país.

Andre Hannekon pagaria aos membros do grupo um valor mensal de cerca de 142 euros, além de providenciar medicamentos, que eram supostamente administrados por um antigo funcionário do Hospital Rural de Mocímboa da Praia.

A organização Human Rights Watch descreveu o caso como um exemplo de "abusos e excessos" na forma como as forças de segurança moçambicanas estão a deter arbitrariamente cidadãos em Cabo Delgado.

A porta-voz do governo, Ana Comoana, lamenta a morte do empresário sul-africano e garante que apesar deste episódio, as boas relações entre Moçambique e África do Sul vão continuar.

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Correspondência de Orfeu Lisboa