Nagorno-Karabakh: ONU chega à região depois da fuga da maioria dos habitantes

Pela primeira vez em 30 anos, uma missão da ONU chegou ao Nagorno-Karabakh, este domingo, para avaliar as necessidades humanitárias. Porém, mais de 100.000 arménios fugiram do território, ou seja, a região perdeu quase toda a sua população arménia.

Nagorno-Karabakh, 2 de Outubro de 2023. AFP - EMMANUEL DUNAND

O dirigente do enclave separatista Nagorno-Karabakh prometeu, esta segunda-feira, ficar na capital do território, Stepanakert, até ao fim das operações de busca e resgate das vítimas do conflito.

A ofensiva relâmpago vitoriosa do Azerbaijão, a 19 e 20 de Setembro, provocou a morte de cerca de 600 pessoas e, poucos dias depois, pelo menos 170 morreram aquando da explosão numa bomba de gasolina na única estrada que liga o território à Arménia. O conflito já causou a fuga de mais de 100.000 pessoas que moravam no enclave, ou seja, a região perdeu quase toda a sua população arménia. O porta-voz do primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, informou que o governo registou a entrada de 100.483 deslocados até domingo.

Uma missão da ONU está desde domingo no Nagorno-Karabakh, naquela que é a primeira vez em 30 anos que as Nações Unidas têm acesso à região, que era controlada por separatistas arménios até à sua rendição a 20 de Setembro. A França criticou o Azerbaijão por só permitir o envio de uma missão depois da fuga da maioria dos moradores. A ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, desloca-se, esta terça-feira, à Arménia para “reafirmar o apoio de França à soberania e integridade territorial” do país.

Nagorno-Karabakh, de maioria arménia e cristã, proclamou a secessão do Azerbaijão, de maioria muçulmana, durante o colapso da União Soviética. Desde então, o território esteve no centro de duas guerras entre a Arménia e o Azerbaijão, uma nos anos 90 e outra em 2020, mas a independência proclamada pelo Nagorno-Karabakh não foi reconhecida por nenhum Estado-membro da ONU. Agora, Baku recuperou o controlo efectivo da região e gerou a fuga de quase todos os habitantes arménios.