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Artes

Coreógrafa Acauã Shereya apresentou peça autobiográfica em Paris

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A coreógrafa e performer brasileira Acauã Shereya apresentou o espectáculo “Além de vocês, o que tem para comer hoje?” no Festival Excentriques, no centro de dança La Briqueterie, em Vitry-sur-Seine, a 5 e 6 de Outubro. A peça é uma performance autobiográfica de uma artista trans que quer levar para o teatro mais corpos racializados e LGBTQIA+.

Imagem do espectáculo de Acauã Shereya apresentado no centro La Briqueterie em Vitry-sur-Seine.
Imagem do espectáculo de Acauã Shereya apresentado no centro La Briqueterie em Vitry-sur-Seine. © La Briqueterie
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O espectáculo de dança e performance “Além de vocês, o que tem para comer hoje?” foi apresentado no Festival Excentriques, no centro de dança contemporânea La Briqueterie, em Vitry-sur-Seine, a 5 e 6 de Outubro. A RFI esteve à conversa com Acauã Shereya, em companhia de Di Candido [aka DIDI] que assina a composição musical.

A dramaturgia nasceu da chamada “gambiarra”, ou seja, da falta de apoios institucionais e do desenrasque que é motor de criatividade em comunidades esquecidas pelo poder. “Quem mora nas periferias ou em circunstâncias de periferia e o governo não atende às necessidades básicas de uma comunidade, a gente começa a institucionalizar e a criar tecnologia a partir de recursos que são precários, que muita gente pensa que não vai dar certo ou que corre o risco de vida, mas a gente utiliza esses materiais para que nós possamos fincar o corpo e dizer ‘Eu estou aqui’”, conta a artista.

Eu penso dramaturgia como gambiarra porque os corpos racializados, negros, emigrantes, de emigração regional do Brasil que vão para os lugares mais pobres e para uma região com menos recursos, que não têm recursos para ir para a escola, etc, começam a criar estratégias para que possam viver. Então a gambiarra é uma estratégia de vida e que, para mim, faz muito reflectir sobre performatividade de género também”, continua Acauã Shereya.

Por sua vez, DIDI também se inspirou da “gambiarra” que define como “a possibilidade material de algo imaterial e inacessível se tornar real”. O objectivo é, também, “ocupar espaços” que lhes tinham sido “destituídos” e levar performances subversivas de género para as salas de teatro.

A gente acredita num processo muito pós-colonial e o mundo da arte é muito impregnado a partir de conceitos e de uma estética colonial. A gente vem trazer, a partir de uma arte e de uma tecnologia ancestral, uma outra linguagem, uma outra forma de vivenciar um espectáculo e até de definir o que é espectáculo ou não”, acrescenta DIDI.

Acauã Shereya é coreógrafa, performer e artista visual. Nascida em Fortaleza, no Brasil, foi educada por mulheres e pelo avô artesão. Formada em Teatro no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil, onde foi professora de 2013 a 2015, formou-se também no programa “Performing Arts Advanced Programme”do Fórum Dança, em Lisboa, em 2019. Fez, ainda, um mestrado no Centro Coreográfico Nacional de Montpellier (CCN Montpellier), em França, e está actualmente em residência na Briqueterie. Foi no âmbito do CCN Montpellier que criou os projectos "Além de você, o que tem para comer hoje?" e "Nuages clouds Nuvens Intergalactic”. Actualmente, é intérprete em peças dos coreógrafos brasileiros Calixto Neto e Luara Raio e também na nova criação da coreógrafa marfinense Nadia Beugré.

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