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Ciência

Transplante de coração de porco é uma esperança para muitos doentes

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Pela primeira vez, um homem recebeu o transplante de um coração de porco geneticamente modificado. Um passo de gigante num processo de investigação de décadas. Para o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, trata-se de uma “boa notícia,uma esperança para muitos doentes, mas a grande solução é evitar a insuficiência cardíaca".

Pela primeira vez, um homem recebeu o transplante de um coração de porco geneticamente modificado.
Pela primeira vez, um homem recebeu o transplante de um coração de porco geneticamente modificado. © AP/University of Maryland School of Medicine/Mark Teske
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A cirurgia inédita no mundo foi realizada no hospital de Baltimore, nos Estados Unidos, e durou sete horas. O paciente transplantado é um homem norte-americano, de 57 anos, que padecia de uma doença terminal do coração o que o impedia de se candidatar a um transplante normal. 

O sucesso deste transplante, realizado há duas semanas, é um sinal de esperança para as longas listas de espera. Nos Estados Unidos, no ano passado, foram realizados mais de 3.800 transplantes de coração.

O coração de porco agora transplantado sofreu modificações genéticas, nomeadamente para evitar a transmissão de doenças do animal para o ser humano, além da remoção das células responsáveis pela rejeição. 

O xenotransplante foi autorizado pelo regulador norte-americano, Food and Drug Administration.

Para o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, trata-se de uma “boa notícia, uma avenida que se abre, uma esperança para muitos doentes que de outra maneira morrem, mas a grande solução é evitar a insuficiência cardíaca. Caminhar na prevenção é a solução”. 

Manuel Carrageta explica que a investigação “é de um grupo do Maryland [hospital universitário de Maryland, nos Estados Unidos] que está a trabalhar há pelo menos 30 anos nesta área do transplante”. 

Estes investigadores utilizaram "o coração do porco, que é fisiologicamente parecido com o coração humano”, modificaram-no geneticamente e “criaram um coração que parece ser biocompatível com o coração humano”. Nesse sentido “fizeram o transplante, é a primeira vez que se faz. O doente é um doente desesperado, que não tinha solução de outra maneira”. 

Trata-se de uma nova possibilidade para “suprir esta falta de corações, mas ainda está numa fase muito experimental e muito inicial”, sublinha o professor que acrescenta “que é a primeira vez, é preciso ver o que acontece”. Em caso de sucesso, o processo deve passar ainda por uma fase de “ensaios clínicos e depois é que será generalizado”.

É uma boa notícia para os doentes com insuficiência cardíaca mas, lembra o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, “o ideal é a prevenção. Nós sabemos o que causa a insuficiência cardíaca. (...) Os candidatos a transplante são pessoas com insuficiência cardíaca e a insuficiência cardíaca é o coração cansado, já não tem força para impulsionar o sangue. O coração bate 100 mil vezes por dia em média, três milhões de vezes ao fim de um mês”.

Questionado sobre as questões éticas que este tipo de transplantes pode levantar, Manuel Carrageta sublinha que os Estados Unidos estão mais avançados neste tipo de regulamentação que a Europa, na medida em que os norte-americanos são mais “abertos ao progresso e à mudança. Os europeus são mais conservadores”.

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